Com IPO nos planos, Cimed aumenta conselho de administração e troca CFO
Farmacêutica traz ex-ministro Joaquim Leite para comitê de Sustentabilidade; Lettiere passa a liderar comitê de finanças e aquisições e Fausto Neto assume direção financeira
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 08:30.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 08:43.
A farmacêutica Cimed está ampliando o conselho de administração e trocando a direção financeira da empresa. O objetivo é fortalecer a estrutura de governança para um futuro IPO e pavimentar o caminho para alcançar a meta de R$ 5 bilhões de faturamento em 2025.
Depois de cinco anos, José Roberto Lettiere deixa o cargo de CFO para ocupar integralmente uma cadeira do conselho de administração e ser líder dos comitês de Finanças, Fusões e Aquisições — reforçando essa agenda. Lettiere foi responsável por toda a reestruturação societária da empresa que, em 2021, se tornou uma sociedade anônima e passou a divulgar resultados anualmente.
Para substituí-lo, a empresa escolheu Fausto Neto, com 20 anos de experiência em finanças e operações de fusões e aquisições. O executivo fez carreira na fabricante de cervejas AB InBev, contoladora da Ambev, e nos bancos Goldman Sachs e Merrill Lynch.
“Se o setor cresce 10% ao ano, a Cimed tem o compromisso de crescer 20%. Nosso compromisso é sempre crescer o dobro da indústria e fazer aquisições agrega ao crescimento”, diz João Adibe Marques, CEO da Cimed.
Mesmo sendo uma empresa de dono, o conselho administrativo externo forte é um recado positivo para a abertura de capital, segundo o executivo – embora esse não seja um plano em que a companhia tenha pressa. “Só vai acontecer se tiver um momento estratégico de valor grande. Com inflação e taxa de juros ainda onde estão, não”, diz.
Presidido por Nicola Calicchio, ex-CEO da McKinsey, há dois anos, o conselho ganha musculatura, com mandatos de finanças e aquisições e de sustentabilidade. Uma nova posição mais voltada para marketing também deve ser preenchida ainda este ano. No total, serão nove cadeiras.
Novo integrante do conselho de administração, Joaquim Leite, que foi ministro do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro, será conselheiro no Comitê de Sustentabilidade da companhia, uma nova posição dentro do board.
Na frente de M&A, quebrando um jejum de dez anos de aquisições, no fim de 2023, a Cimed, comprou a fabricante de lenços umedecidos R2M, dona das marcas Bebê Limpinho e Snow Baby, entrando em uma nova categoria.
Enquanto incorpora essa última compra, a empresa se prepara para fechar outros dois negócios, que devem ser anunciados ainda no primeiro semestre. O pagamento deve ser feito com caixa próprio, mas Adibe não descarta a contratação de uma linha de crédito.
Um dos negócios a ser anunciado é na frente de consumo, reforçando ainda mais a distribuição de seus produtos e cases de sucesso como a linha de hidratantes e brilhos labiais Carmed, que virou um hit de R$ 250 milhões em vendas após parcerias com a marca de balas de goma Fini.
O outro negócio deve ser no segmento de estética, no qual a empresa já tem feito apostas como a recém-criada Milimetric Pro, marca de preenchedores injetáveis vendida exclusivamente a profissionais da área para aplicação em consultórios e clínicas especializadas. É dessa nova área que atuação que a empresa acredita vir R$ 1 bilhão de faturamento nos próximos cinco anos.
Depois dessas aquisições, diz ele, o foco deve ficar integralmente na incorporação dos novos negócios e no crescimento das categorias, inclusive nas que já atua com forte presença, como a de genéricos.
Presente em todos os Estados do país, a Cimed atende hoje a 98% dos pontos de venda farmacêutico. Numa estratégia de verticalização iniciada ainda nos anos 1990, o grupo criou centros de distribuição para atender diretamente as pequenas farmácias. Dada a pulverização do setor, se dedicou a ofertar um portfólio adaptado para essas 70 mil farmácias do varejo independente. “A Cimed pensa regionalmente ser uma empresa nacional”, diz o CEO.
Em 2023, a receita chegou a R$ 3 bilhões, segundo o CEO. E em janeiro deste ano, a receita já foi 35% maior do que no mesmo período do ano passado. O balanço auditado do ano passado ainda não foi publicado. Em 2022, a receita líquida cresceu 22,5%, chegando a R$ 1,94 bilhão. O lucro líquido caiu 7,9%, para R$ 224 milhões, mas ficou 4,9% maior do que em 2021 se considerados ajustes.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado