Na Vivara, uma Black Friday para fechar o ano com chave de ouro
Rede de joalheiras aposta da data de descontos para conquistar novos clientes
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Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 24 de novembro de 2023 às 11:48.
Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:16.
Queridinha dos investidores, com um desempenho na contramão da desaceleração do setor de consumo este ano, a Vivara vê a Black Friday e o Natal como boas chances de fechar o ano com chave de ouro. “Nunca estivemos tão preparados em nível de estoques nas lojas e no e-commerce”, diz Otavio Lyra, CFO do grupo de joalherias.
Em um segmento do varejo que não é tradicionalmente promocional, a empresa está oferecendo produtos específicos em faixas de descontos que chegam a até 70% nesta Black Friday. A data, explica ele, é uma janela para “reforçar relacionamento” com seus clientes – e conquistar novos.
Embora a ação se estenda às lojas Vivara, na linha de frente das iniciativas está a marca Life, que tem sido a menina dos olhos da empresa e a alavanca de crescimento. Criada como uma linha da Vivara em 2011, a Life tem foco em peças de preço final mais baixo, feitas a base de prata, com cristais ou pedras de cor e zircônia. O tíquete médio é de R$ 450 contra cerca de R$ 1100 da Vivara.
Em 2015, a linha, com forte ligação com o público mais jovem e que compra com maior frequência, estava grande demais para continuar dentro da loja-mãe. Ganhou, assim, sua própria bandeira. No IPO, em 2019, eram apenas duas unidades da Life. Hoje, são 98.
No total, o grupo Vivara tem 372 lojas (eram pouco mais de 190 em 2019). O objetivo é abrir 60 lojas em 2023, das quais 39 já foram entregues até setembro. Essa expansão em ritmo acelerado é o que tem ajudado a empresa a ganhar escala, explica Lyra. “Mesmo que venham pressões pontuais, o ganho de escala acaba compensando e se transfere para resultados mais fortes da companhia.”
No terceiro trimestre (período sem grandes datas comerciais), o faturamento da Vivara cresceu 20,7%, para R$ 581 milhões. Em nove meses, as vendas cresceram 19,7%, com um avanço de 38% só na marca Life. Na última linha do balanço, a empresa registrou lucro líquido de R$ 225,09 milhões, 11% mais do que janeiro a setembro de 2022. “O mercado formal de joalheria é de R$ 14 bilhões e cresceu 7% no último ano, sendo que a Vivara foi responsável por 40% desse crescimento”, diz o diretor financeiro.
Em julho, a empresa inaugurou sua nova fábrica em Manaus, onde já tinha sua produção desde os anos 90. Atualmente são duas linhas em produção e mais uma deve começar a operar até o fim de dezembro, o que deve ajudar a diluir ainda mais os custos.
“Toda nossa estratégia está baseada em um tripé de marca forte, indústria e capilaridade no varejo. Tudo isso nos permite ter agilidade para nos adaptarmos a ciclos econômicos diferentes e momentos diferentes de consumo”, afirma.
O jeito como o negócio está montado, com verticalização da produção, deu resiliência para a Vivara mesmo em momentos de insumos mais caros, como o aumento do preço do ouro.
Depois de namorar os negócios da H. Stern por algum tempo, o que seria o grande M&A no setor de joalherias ficou no passado, diz Lyra. A atenção do grupo passou a ser por “lapidar os diamantes” que estão dentro do grupo: Vivara e Life. “Investir nas marcas que conhecemos e num terreno conhecido conseguindo esse retorno que temos, faz com que fique mais acirrada a disputa por cada real adicional a ser investido. A oportunidade está aqui dentro”, diz.
Olhando para dentro, Lyra vê a chance de o grupo acessar novos segmentos do mercado de joalheria. Hoje, a Vivara está no meio da pirâmide, segundo ele, no que seria um “luxo acessível”. O grupo teria potencial, diz o executivo, de chegar a uma faixa acima da pirâmide, ainda não na ponta do alto luxo, mas em preços acima do preço médio atual da Vivara, para algo mais próximo do patamar de R$ 10 mil.
“Com o DNA da nossa estratégia a gente pode expandir para mais próximo das extremidades da pirâmide”, diz.
No ano, as ações da Vivara acumulam alta de 35%, com valorização de 15% desde o IPO, em outubro de 2019.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado