Logo Exame.com
Empresas

GPA quer reduzir queima de caixa em 2024 e vai focar a abertura na bandeira Minuto Pão

CEO refuta rumores de que a empresa poderia virar ‘corporation’ e diz que o foco é fazer o negócio ficar mais rentável, com margem Ebitda de até 9%

Pão de Açúcar: perecíveis já respondem por mais de 50% das vendas e são aposta de rentabilidade do GPA (GPA/Divulgação)
Pão de Açúcar: perecíveis já respondem por mais de 50% das vendas e são aposta de rentabilidade do GPA (GPA/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 14:26.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 16:06.

O GPA, dono das marcas Pão de Açúcar e Extra, pretende abrir cerca de 45 lojas no ano que vem (o número ainda está sendo definido), e focar a expansão da rede Minuto Pão, de proximidade. Em Investor Day realizado na manhã de hoje, o CEO Marcelo Pimentel trouxe um resumo das iniciativas tomadas neste ano para tornar a empresa mais enxuta e rentável e os ganhos que as mudanças implementadas devem trazer a partir de 2024.  

A meta é chegar a uma margem Ebitda de 8% a 9% no próximo ano – ante um patamar de 6,4% nos nove primeiros meses deste ano –, com uma redução de até 50% na queima de caixa em relação aos patamares de 2023.  

Enquanto os executivos apresentavam os números do turnaround, a ação do GPA seguia a trajetória de alta observada nos últimos dias. Até 14h, as ações subiam 5%.  

Ontem, os papéis fecharam em alta de mais de 12%, sob rumores de que um caminho para a saída do Casino da base acionária seria transformar o GPA em uma 'corporation'.   

“Especulação. Não tem absolutamente nada que eu possa falar que tenha surgido. Houve um movimento ontem de short [squeeze], mas não há nenhuma correlação”, disse Pimentel. Após uma queda de 75% neste ano, em grande parte por um spin-off das operações do Éxito que mudou a estrutura societária da companhia, as ações do GPA têm uma das maiores posições vendidas da bolsa, com investidores apostando na queda dos papéis.  

Em julho, o Casino, dono de 41% do GPA, anunciou os planos de sair dos ativos da América Latina, mas ainda sem detalhes sobre prazos ou formatos para seu desembarque do país.   

Neste ano, o GPA fez uma ampla reestruturação para deixar a empresa mais simples, o que incluiu diversos desinvestimentos, com o plano de manter o foco no seu core business de supermercados.  Junto com o controlador francês, o GPA negocia a venda de sua fatia de 13,3% na rede colombiana Éxito, que deve trazer R$ 800 milhões para o caixa até janeiro. Em novembro, anunciou também a venda de sua participação na Cnova, empresa holandesa, para o grupo francês.   

Somado à venda de outros ativos non core, como imóveis, terrenos e lojas no modelo sale leaseback, a empresa conseguiu levantar cerca de R$ 600 milhões até o fim do terceiro trimestre com desinvestimentos e redução de despesas.  

O quadro corporativo ficou 21% menor, por exemplo, ressaltou o CFO, Rafael Russowsky, que era do conselho da empresa e assumiu o cargo em julho deste ano. 

O executivo não quis dar um guidance para a alavancagem da companhia, que está alta, em 5,9 vezes dívida líquida Ebitda. Mas sugeriu um exercício matemático para balizar o potencial de redução do endividamento: se consideradas as vendas dos ativos já executadas vai a 5,2x, e pode chegar a 3,9x considerando a margem entre 8% e 9% prevista para 2024. “Ainda que seja um exercício hipotético mostra o potencial que acreditamos ter com as mudanças implementadas”, afirmou.   

Do lado operacional, o foco na bandeira de proximidade vem na esteira da margem superior do negócio. As lojas também “amadurecem” mais rapidamente, entre seis a sete meses de operação. O plano, segundo a empresa, é aumentar a expansão dessa bandeira em bairros em que o Pão de Açúcar já tem presença relevante, levando a um market share de até 50%, como os bairros paulistanos do Morumbi e Vila Mariana.   

Outras frentes devem ganhar mais atenção do grupo no ano que vem, já que 2023 esteve mais focado nas operações do Pão de Açúcar. “Já conseguimos melhorar a margem do Extra neste ano e queremos deixá-lo ainda mais rentável em 2024”, disse Pimentel. O grupo também deve apostar na abertura de mais lojas Pão de Açúcar Fresh, hoje com quatro unidades e ainda em ritmo de testes, mas com números positivos. O modelo de loja tem ainda maior penetração de perecíveis, uma das apostas do GPA. 

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
Dejà vu: JBS bate (de novo) o consenso, puxada por Seara

Dejà vu: JBS bate (de novo) o consenso, puxada por Seara

Stone bate consenso, com avanço de 20% no TPV e take rate recorde

Stone bate consenso, com avanço de 20% no TPV e take rate recorde