24 de março de 2025 às 13:36
Se o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, determinar que as tropas ucranianas parem de lutar na guerra, não há garantias de que todas as tropas seguirão suas ordens, pois há inúmeros grupos paramilitares atuando na guerra.
A avaliação é de Mariana Kalil, professora de geopolítica na Escola Superior de Guerra, do Ministério da Defesa do Brasil.
Ela aponta que estas milícias, muitas delas treinadas com apoio do Ocidente, fragmentaram as cadeias de comando militar no país.
Em conversa com a EXAME, Kalil analisou também as consequências do rearmamento da Europa e como o presidente Donald Trump tem mudado um mantra da política americana, "fale suavemente, mas carregue um grande porrete".
Segundo a especialista, a guerra pode acabar no sentido de as tropas russas oficialmente saírem no território ou a Rússia ganhar uma parte do território, dependendo do que for negociado. Mesmo que haja a saída, há outro desafio.
"Desde 2014, grupos paramilitares são os mais influentes no terreno da guerra da Ucrânia, especialmente no leste. Assim, o monopólio legítimo do uso da força da Ucrânia continua bastante fragmentado."
"Isso quer dizer que o comandante-em-chefe, atualmente o Zelensky, não tem cadeia de comando com os grupos paramilitares. Então não basta ele dizer “vamos parar de lutar” e os grupos param."
"O Ocidente armou e treinou muitas milícias. A guerra pode acabar", diz Kalil.