10 de outubro de 2024 às 15:07
"A Gavekal está otimista com a Ásia" poderia ser um título sobre a posição da consultoria – uma das maiores especialistas em países do Oriente no mercado financeiro – em qualquer momento dos últimos dois anos.
Mas agora o fundador Charles Gave é enfático: "A Ásia está prestes a entrar na mãe de todos os bull markets".
O economista, que morou por 13 anos em Hong Kong, é otimista com a economia chinesa e acredita que os estímulos anunciados por Pequim devem dar fôlego renovado – apesar do ceticismo dos ocidentais.
Mas seu ânimo vai além disso. Gave defende que a região está passando por uma mudança estrutural importante, com a construção de uma "zona monetária asiática", muito menos dependente do dólar.
Segundo ele, desde a guerra na Ucrânia, os países menores têm agido para minimizar a volatilidade de suas moedas em relação ao renminbi, e não mais ao dólar, enquanto o banco central chinês tem desempenhado o papel de minimizar a oscilação de sua moeda frente à americana.
"Além disso, a guerra na Ucrânia permitiu que a maioria das economias asiáticas comprasse petróleo e gás em suas próprias moedas, em vez de dólares americanos, o que as deixou com reservas excessivas", disse Gave.
Como resultado, Gave espera que os países asiáticos deixem de comprar títulos ocidentais, fazendo com que as taxas de juros reais caiam no continente e subam nos Estados Unidos e na Europa.
Nesse sentido, ele faz um palpite ousado, com desdobramentos para o Brasil: "O melhor portfólio para se ter hoje provavelmente envolve 50% de ações asiáticas e 50% de bonds soberanos high-yield na Ásia ou na América Latina."
No portfólio de ações, sua recomendação é focada especialmente em papéis da China e do Japão, onde ele vê oportunidades em setores voltados a gastos de capital, infraestrutura, construção e turismo.