23 de março de 2025 às 15:30
A produção de cimento, responsável por 26% das emissões de CO2 do setor industrial brasileiro, pode reduzir significativamente seu impacto ambiental com a substituição de sua principal matéria-prima.
É o que aponta estudo divulgado nesta quinta-feira, 20, pelo projeto Descarbonização e Política Industrial (DIP-BR), conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O clínquer, componente essencial do cimento obtido pela queima de calcário em altas temperaturas, representa o maior vilão nas emissões do setor.
Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a fabricação de cimento corresponde a aproximadamente 2% das emissões totais do país em 2022.
"A adição de substitutos não só reduz as emissões de carbono como também promove a circularidade ao utilizar subprodutos de outras atividades econômicas que seriam descartados", explica Julia Torracca, professora do Instituto de Economia da UFRJ.
Entre as alternativas apontadas pelo estudo estão o fíler calcário (obtido através da moagem do calcário em partículas menores), a argila calcinada e as biocinzas.
A implementação dessas matérias-primas pode representar uma redução de cerca de 11% nas emissões de carbono na cadeia produtiva do cimento.
Para impulsionar a descarbonização do setor, os pesquisadores enfatizam a necessidade de políticas públicas específicas. "A política industrial brasileira no momento não possui objetivos de descarbonização específicos para os diferentes setores industriais", aponta Torracca.