18 de fevereiro de 2025 às 10:48
Cones de trânsito derretendo no asfalto e termômetros batendo os 50ºC: este foi o retrato da onda de calor no Rio Grande do Sul na última semana. Pela terceira vez em 2025, o município gaúcho de Quaraí bateu o recorde de maior temperatura do Brasil e registrou 44 graus.
O evento extremo não é um caso isolado: a alta nos termômetros se espalha para outras regiões e deve persistir até 24 de fevereiro com temperaturas até 7ºC acima da média, segundo alertou o Climatempo.
Nesta segunda-feira (16), uma nova onda de calor no país e a terceira deste ano afeta os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, com a possibilidade de se estender para Goiás e Bahia.
Em São Paulo, a Defesa Civil emitiu um alerta para a alta nas temperaturas que podem chegar até 38° em algumas localidades. Na capital paulista, há uma tendência de ocorrência de um fenômeno conhecido como “ilha de calor”, agravado em grandes centros urbanos.
No Rio de Janeiro, a previsão acima dos 40 Cº também nesta semana pode colocar a cidade em um índice nível 4 de calor. Mas afinal, por que está tão quente a ponto de se falar em uma sensação térmica de 70 graus?
Já é unanimidade na ciência que as mudanças climáticas tem relação com o aumento das temperaturas e maior frequência e intensidade de eventos extremos -- como é o caso de ondas de calor.
Willians Bini, Climate Business Strategist e metereologista há mais de 25 anos, destacou à EXAME que os últimos dois anos têm sido de 'anomalias positivas' (altas nos termômetros) em praticamente todo o planeta.
"Nós já ultrapassamos os 1,5ºC estipulados pelo Acordo de Paris. Quando vemos as projeções, estas tendências devem persistir. Não podemos mais apenas falar de mitigação dos riscos e sim de adaptação às novas condições impostas pelo clima", disse Willians.
O especialista ressalta que a onda de calor se caracteriza por uma conjuntura climática de pelo menos 5ºC acima da média por no mínimo cinco dias consecutivos.
Além da mudança climática, outro fenômeno que influencia é o La Niña, caracterizado pelas temperaturas mais frias do que o normal na superfície do Oceano Pacífico e que reflete de diferentes formas no Brasil.
Ondas de calor são um 'desastre negligenciado' e diferente do que muitos pensam, matam mais que tempestades e deslizamentos. Por isto, é preciso ter cuidados redobrados: ingerir bastante água e se proteger do sol em horários de pico.