21 de janeiro de 2025 às 17:52
"É pior do que está sendo noticiado", afirmou nesta terça-feira, (21), em Davos, uma das mais renomadas autoridades brasileiras em políticas ambientais e climáticas.
Em conversa com Carlos Nobre, a especialista se referia ao grande tema desta manhã nas conversas de cafezinho do Fórum Econômico Mundial: a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
As primeiras avaliações sobre a decisão anunciada ontem por Donald Trump, logo após sua posse - esperada, mas que ainda assim abalou a comunidade científicica mundial - são de que a saída americana do acordo terá consequências potencialmente mais graves que a primeira retirada.
Em entrevista exclusiva à EXAME, o cientista Carlos Nobre compartilhou suas percepções sobre impactos de curto e médio prazo, particularidades do momento atual, riscos sanitários e para as relações multilaterais e como a decisão reverbera na COP30.
"Quando os Estados Unidos se retiram do Acordo de Paris uma semana depois que cidades inteiras na Califórnia foram apagadas do mapa, isso diz muito", destaca Nobre, referindo-se aos milhares de desabrigados e à destruição sem precedentes na região."É uma sinalização grave".
Para ele, com histórico de responsabilidade por 80% das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis, os EUA representam mais do que nunca, a peça-chave no combate às mudanças climáticas.
O especialista ressalta que como segundo maior emissor atual depois da China e líder em emissões per capita a decisão do país pode desencadear um efeito dominó global ao relaxar seus compromissos ambientais. "É como uma licença para que outras nações sigam o mesmo caminho", diz.