Examinando: Entenda como funcionam as eleições nos Estados Unidos

Em vídeo, Exame explica o processo eleitoral norte-americano, bem mais complexo e com muitas diferenças em relação às regras eleitorais brasileiras

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Dia de eleição. Você pega um pedaço de uma agenda em casa, escreve o nome do seu candidato e coloca na sua caixa de correio. Você já imaginou votar desse jeito? Parece até coisa de outro século, quando ainda não existiam as tecnologias e sistemas digitais. Mas na verdade, isso aconteceu há alguns meses, nos Estados Unidos. 

Por causa da pandemia que o mundo está vivendo, até o tradicional processo eleitoral norte-americano precisou ser reformulado. A votação está prevista para ocorrer no dia 3 de novembro. Mas você sabe como acontecem as eleições nos Estados Unidos? No Examinando de hoje vamos te explicar todo esse processo que parece, e é, bem complexo e que é bem diferente do que estamos acostumados aqui no Brasil. 

O voto nos Estados Unidos é facultativo, ou seja, as pessoas não são obrigadas a votar como aqui no Brasil. Elas vão até as urnas apenas se quiserem. E o processo eleitoral americano é bem diferente do que o que estamos acostumados.

Aqui, cada partido pode indicar um candidato separado ou ainda podem formar alianças e apoiar um único candidato juntos. Alguns meses antes do dia do voto começam as campanhas eleitorais, onde cada lado apresenta suas propostas. No dia da eleição, nós vamos às urnas e escolhemos alguém. 

Se um candidato conseguir mais da metade dos votos logo de cara, ele é eleito em primeiro turno. Mas se ninguém conseguir essa porcentagem, os dois candidatos mais votados vão para o segundo turno, e a população escolhe entre as duas opções. 

Já nos Estados Unidos, o processo é bem mais complexo e as campanhas começam até um ano e meio antes do dia em que os americanos vão às urnas escolher seu presidente. Pra começar, existem apenas dois partidos principais lá, os democratas e os republicanos. Então significa que não tem nenhum outro partido nos Estados Unidos? Não. Existem centenas, mas pela força histórica e de influência, acaba que sempre vai para o final da disputa eleitoral um candidato republicano e um democrata.  

Nas eleições que vão ocorrer este ano, o candidato republicano é o atual presidente, Donald Trump. Já pelos Democratas, o candidato é o Joe Biden, que foi o vice-presidente do Obama. Um outro ponto importante das eleições americanas é que as regras não são iguais em todo o país. Cada estado tem liberdade para decidir como são as normas eleitorais a cada eleição. Ou seja, as regras para esse ano em um estado específico, podem não ser as mesmas do pleito de 2016, por exemplo. E óbvio que isso torna mais complicado entender o processo. O que vale é deixar claro que as regras que explicamos aqui não necessariamente são aplicadas em todos os estados nem em todas as eleições. 

Eles começam com um processo chamado pré-campanha, que é a campanha antes da campanha. Ela serve para eleger qual candidato vai concorrer por cada partido. Esse processo começou com mais de 20 pessoas buscando a vaga democrata, mas entre várias desistências, quem foi escolhido foi Joe Biden. 

Nos Estados Unidos, o voto não é direto. Ou seja, o voto das pessoas não vai diretamente para os candidatos. Dependendo do estado e das regras da eleição vigente, os eleitores precisam ser filiados a um dos partidos para votar, em outros casos, não é necessário. 

Em seguida, vêm as prévias eleitorais. Elas são a etapa em que são escolhidos os candidatos. Durante as prévias, os eleitores votam em quem querem que sejam o representante do partido. Essas prévias podem ocorrer de duas formas diferentes: as primárias e os caucus. 

As primárias são mais parecidas com as eleições que nós conhecemos. No geral, os eleitores vão às urnas e votam em quem preferem. Mas de novo lembrando que essa regra pode mudar de estado para estado ou de eleição para eleição. 

Já os caucus são algo como uma reunião de condomínio, onde os eleitores se reúnem e decidem em qual candidato vão votar. E essa decisão é menos definida ainda e pode acontecer das formas mais variadas e criativas possíveis. No último ano, quando ocorreram as prévias da atual eleição, houve um caucus em um estado que escolheu o candidato com um sistema inusitado. Eles colocaram placas com os nomes espalhadas em um ambiente e as pessoas tiveram que se posicionar perto da placa com o nome do candidato que apoiariam. 

As primárias e os caucus ocorrem em cada distrito de cada estado, como se fosse cada cidade aqui no Brasil. Os eleitores votam, mas esse voto não vai direto para o candidato. É aí que entra uma figura muito importante nas eleições americanas: os delegados. Eles são definidos pelos partidos e são responsáveis por olhar os votos do distrito que representam, ver qual candidato foi mais escolhido e levar o nome desse candidato para a próxima etapa eleitoral. 

Essa fase se chama a Convenção dos Partidos. Nessa espécie de reunião, o partido soma os votos dos delegados e elege o candidato. Mas eu vou complicar um pouco mais ainda. Porque em alguns estados, o candidato que recebe mais votos, leva todos os delegados. Funciona assim, a Califórnia tem 55 delegados. Se o candidato X conseguiu 45 votos, ele leva não só os 45 delegados que ele recebeu, mas todos os 55. Fora que ainda é preciso considerar que cada estado tem um número diferente de delegados. Quanto mais populoso é o estado, mais delegados ele tem. Por exemplo, a Califórnia, que é o estado mais populoso do país, tem 55 delegados. Já Washington, por exemplo, têm apenas três. Ou seja, é mais vantajoso ganhar na Califórnia, do que em Washington. 

Todo esse processo é só para escolher o candidato de cada partido. E só depois de tudo isso é que realmente começa a corrida eleitoral. E felizmente essa etapa é um pouco mais simples de entender. Depois de todo o período de campanha eleitoral, os eleitores vão às urnas e votam em quem eles querem para presidente. 

De novo, os delegados entram em cena, analisam o total de votos de cada estado e apontam se o candidato escolhido foi o republicano ou democrata. No total, o país tem 538 delegados e para ganhar as eleições, o candidato precisa conseguir a maioria simples, ou seja, 271 votos.

Também vale ressaltar que a maioria dos estados americanos tem bem definido historicamente qual lado apoia, os democratas ou republicanos. Então nesses lugares, geralmente já se sabe qual candidato terá mais votos. Ouá dá pra saber o resultado das eleições antes mesmo da população ir às ruas? Os estados que não têm essa definição são os chamados estados pêndulos. E geralmente são os votos desses lugares que no fim decidem o resultado. 

Conseguir chegar à presidência dos Estados Unidos, e até mesmo apenas tentar, é absurdamente caro. Por isso, a habilidade de levantar recursos com doadores, ou ter bastante dinheiro para gastar, é muito importante para o candidato. 

Acompanhe tudo sobre:Eleições americanasEstados Unidos (EUA)

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