A Meta (META) e seu CEO e fundador, Mark Zuckerberg, passarão por semanas difíceis nos Estados Unidos.
A partir desta segunda-feira, 14, a empresa enfrenta um julgamento que pode culminar na separação de seus aplicativos WhatsApp e Instagram. Segundo a Federal Trade Commission (FTC), agência dos EUA responsável pela aplicação de leis antitruste no país, Zuckerberg adquiriu ambas as startups para suprimir seus adversários, criando um ambiente de concorrência desleal.
A FTC quer que a Meta seja responsabilizada "por realizar esses mega negócios para manter ilegalmente um monopólio nas redes sociais", sugerindo que a empresa restaure a concorrência ao vender seus ativos.
O julgamento pode durar até 37 dias, com término previsto para o início de julho. Caso necessário, outro julgamento poderá ser realizado para decidir sobre as penalidades, provavelmente no próximo ano. Recursos sobre qualquer decisão podem levar anos para serem resolvidos. Portanto, o WhatsApp e o Instagram não serão vendidos tão cedo.
No entanto, a possibilidade de perder duas propriedades valiosas ajuda a explicar por que Zuckerberg teria explorado um acordo de última hora com o presidente Donald Trump e funcionários da Casa Branca para evitar um confronto judicial. Até agora, esses esforços parecem ter sido infrutíferos.
Quais empresas estão sob o guarda-chuva da Meta?
A Meta, anteriormente conhecida como Facebook, é um conglomerado de tecnologia e mídia social que controla várias empresas importantes.
Sob o guarda-chuva da holding de Zuckerberg, estão o Facebook, a rede social original fundada pelo bilionário e seus colegas de Harvard, o Instagram, uma plataforma de compartilhamento de fotos e vídeos adquirida em 2012 por aproximadamente US$ 1 bilhão, e o WhatsApp, um aplicativo de mensagens instantâneas adquirido em 2014 por mais de US$ 19 bilhões.
A Meta também controla o Messenger, um aplicativo de mensagens integrado ao Facebook, e o Oculus VR, uma empresa de realidade virtual adquirida em 2014 por mais de US$ 2 bilhões.
Outras aquisições incluem o Giphy, uma plataforma de GIFs comprada em 2020, mas vendida em 2023 após uma ordem da CMA do Reino Unido, o Mapillary, uma empresa de mapeamento de ruas adquirida também em 2020, e a desenvolvedora de jogos em realidade virtual Beat Games, comprada em 2019. Em 2021, a Meta adquiriu a desenvolvedora de jogos Twisted Pixel Games.
Por que o alvo é o Instagram e o WhatsApp?
A FTC está investigando a Meta devido a alegações de que as aquisições do Instagram em 2012 e do WhatsApp em 2014 foram feitas para eliminar a concorrência e formar um monopólio no mercado de redes sociais.
A FTC argumenta que essas aquisições prejudicaram a concorrência e resultaram em um domínio excessivo da Meta no setor, o que poderia ser prejudicial aos consumidores e ao mercado como um todo.
A FTC também está questionando se a Meta violou a lei antitruste ao adquirir essas plataformas sem enfrentar uma oposição significativa na época. Embora as aquisições tenham sido aprovadas inicialmente, a FTC agora alega que elas foram parte de uma estratégia deliberada para eliminar concorrentes e consolidar o poder de mercado da Meta.
O que está em jogo para a Meta e Zuckerberg?
Se a FTC julgar que Zuckerberg deve vender o Instagram e o WhatsApp, isso pode ter um impacto significativo na Meta e em todo o mercado de tecnologia.
Primeiramente, a venda dessas plataformas representaria um desmembramento da Meta, o que poderia resultar em uma redução substancial no seu valor de mercado.
A empresa depende em grande parte da receita gerada pelo Instagram, especialmente com sua grande base de usuários e a publicidade direcionada, e a perda desse ativo poderia afetar diretamente sua capacidade de gerar lucros. Somente nos Estados Unidos, a rede social representa cerca de 50% da receita da companhia com anúncios.
A venda do WhatsApp, por sua vez, também retiraria uma das suas plataformas de comunicação mais rentáveis e influentes, o que afetaria ainda mais o desempenho financeiro da Meta.
Segundo dados do Similar Web, o aplicativo de mensagens é o mais usado no Brasil. O Instagram, por sua vez, fica em terceiro lugar no país, atrás somente do Google Chrome. Mundialmente, a família de aplicativos da empresa, que inclui Facebook, Instagram e WhatsApp, atingiu 3,35 bilhões de usuários ativos diários (DAU) — um crescimento de 5% em relação a 2023.
O que a Meta diz sobre o julgamento?
Em nota divulgada no blog da empresa no domingo, 13, a Meta afirma que o "caso da FTC ignora como o mercado realmente funciona, perseguindo uma teoria que não se sustenta na prática."
Em relação ao mercado competitivo, a Meta argumenta que a FTC está errada ao tentar comprovar que a empresa tem uma participação dominante no mercado de redes sociais. A FTC, segundo a Meta, "criou um mercado fictício onde o Facebook e o Instagram competem apenas com o Snapchat e um aplicativo chamado MeWe".
"Na realidade, mais tempo é gasto no TikTok e no YouTube do que no Facebook ou Instagram. Se você incluir o TikTok e o YouTube na definição de mercado da FTC, a Meta teria menos de 30% de participação de mercado", afirma a nota.
A Meta conclui dizendo que a ação da FTC não passa de "um esforço para prejudicar as empresas americanas, desperdiçando dinheiro público e favorecendo concorrentes estrangeiros como o TikTok, controlado pela China".
"É absurdo que a FTC esteja tentando desmembrar uma grande empresa americana enquanto a Administração tenta salvar o TikTok", afirma a empresa, destacando a incoerência dos reguladores ao enfraquecer as empresas dos EUA justamente quando é necessário investir para vencer a competição com a China na liderança da inteligência artificial (IA).
Dados do Statista, no entanto, mostram que os aplicativos de Zuckerberg são os mais usados mundialmente em usuários mensais.
Em fevereiro, o Facebook liderava o top 10 de apps mais usados no mundo, com 3,070 bilhões de usuários mensais. O YouTube, segundo da lista, tinha 2,5 bilhões. O Instagram e o WhatsApp estão empatados na terceira posição, com 2 bilhões de usuários cada. O TikTok, por sua vez, aparece em quarto lugar, com 1,6 bilhão de usuários mensais.