Mark Zuckerberg: “essas coisas sempre estão em equilíbrio, sobre fazer as coisas certas e também ser claro e contar às pessoas sobre o que se está fazendo”, disse (David Paul Morris/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2013 às 14h04.
Washington - O governo dos Estados Unidos “realmente estragou tudo” realizando programas de vigilância que aborreceram líderes estrangeiros e céticos locais, disse o presidente da Facebook, Mark Zuckerberg, em uma entrevista à TV.
“Eles continuam estragando tudo de certa forma. Eu espero que se tornem mais transparentes”, disse Zuckerberg, de 29 anos, em uma entrevista ao programa “This Week” da ABC, transmitida em 23 de novembro.
“Essas coisas sempre estão em equilíbrio, sobre fazer as coisas certas e também ser claro e contar às pessoas sobre o que se está fazendo”.
A Agência Nacional de Segurança (NSA) está enfrentando questionamentos no Congresso e no exterior devido às revelações de que espionou líderes estrangeiros, grampeou cabos de fibra ótica no exterior e reuniu e-mails e registros telefônicos de americanos inocentes.
A maioria das revelações foi exposta por Edward Snowden, o ex-contratado da NSA que continua na Rússia sob asilo temporário.
Zuckerberg, cuja companhia de redes sociais sediada em Menlo Park, Califórnia, realizou sua abertura de capital em maio de 2012, investiu boa parte dos últimos doze meses envolvendo-se em questões políticas, desde a educação em Nova Jersey até o desenvolvimento de infraestrutura na África.
Em abril, ele anunciou a formação de um grupo de advocacia chamado FWD.us para fazer lobby por mudanças na política imigratória dos EUA, maiores padrões acadêmicos e investimentos na pesquisa científica.
“O futuro da nossa economia é uma economia de conhecimentos, o que significa que trazer as pessoas mais talentosas para este país é a coisa mais importante que podemos fazer para garantir que as companhias de amanhã sejam fundadas aqui”, disse Zuckerberg, cuja fortuna estimada de US$ 22,6 bilhões o coloca no 32° lugar no Índice de Bilionários da Bloomberg dos indivíduos mais ricos do mundo, na entrevista à ABC.
Concepções erradas sobre os não documentados
Há “muitas concepções erradas” sobre a legalidade dos 11 milhões de pessoas não documentadas nos EUA, disse Zuckerberg, citando o caso de um aluno seu em um programa extracurricular, que disse que não poderia ir à faculdade porque não era documentado.
“Quando você conhece essas crianças e vê que elas são realmente talentosas, que cresceram nos EUA e não conhecem outro país além deste, mas não possuem as oportunidades de que todos nós desfrutamos, é realmente de partir o coração”, disse Zuckerberg. “Parece um dos maiores problemas de direitos civis da nossa época”.
Fwd.us ajuda no apoio aos trabalhadores não documentados a adquirirem a cidadania e reclama aumento na emissão de visas H-1B, programa apoiado pela indústria tecnológica que permite que os trabalhadores talentosos sejam convidados para irem aos EUA. Zuckerberg visitou o Congresso em setembro e discutiu questões imigratórias com os legisladores.
O caminho à cidadania
Em junho, o Senado aprovou um projeto de lei que, como parte da revisão da política imigratória, inclui um caminho à cidadania para os imigrantes não documentados. A medida estagnou-se na Câmara dos Deputados, onde muitos republicanos se opõem à entrega de cidadania.
O presidente da Câmara, John Boehner, republicano por Ohio, disse que ele quer abordar as mudanças à política imigratória “com senso comum, passo a passo”. Ele rejeitou a tática do Senado de utilizar um único projeto de lei para abordar múltiples questões.
Consultado sobre o que a administração do presidente Barack Obama deveria fazer para resolver empecilhos nas trocas do novo plano de saúde federal criado pela Lei de Atendimento Médico Acessível, Zuckerberg mencionou os desafios tecnológicos da sua própria companhia.
“Às vezes as coisas não dão certo quando queremos”, disse. “Certamente, cometemos muitos erros e as coisas não saíram como queríamos. O certo é manter o foco em construir o serviço que se acha correto no longo prazo”.