Zuckerberg: "Não fizemos o suficiente para evitar que estas ferramentas fossem usadas de maneira maliciosa" (Leah Millis/Reuters)
AFP
Publicado em 9 de abril de 2018 às 17h15.
Última atualização em 9 de abril de 2018 às 17h26.
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, assumiu a responsabilidade pela falha de sua rede social em proteger os dados privados de seus usuários e impedir um uso indevido deles, ao preparar-se nesta segunda-feira para sua audiência ante o Congresso americano.
Em sua declaração aos legisladores, revelada por uma comissão do Congresso, Zuckerberg admitiu ser idealista e afirmou não compreender como a plataforma, que diz ser utilizada por 2 bilhões de pessoas, poderia ser alvo de abuso e manipulação.
O criador e presidente-executivo do Facebook vai se apresentar ante uma comissão do Senado na terça-feira e ante outra da Câmara de Representantes na quarta-feira, em meio à polêmica pelo uso de informações sem permissão de ao menos 87 milhões de usuários pela companhia britânica Cambridge Analytica (CA), que trabalhou para a campanha de Donald Trump em 2016.
"Não fizemos o suficiente para evitar que estas ferramentas fossem usadas de maneira maliciosa (...) Não tivemos uma visão suficientemente ampla de nossas responsabilidades e isso foi um grande erro. Foi erro meu e eu sinto muito", disse Zuckerberg, segundo o texto de sua intervenção divulgado nesta segunda-feira.
"Iniciei o Facebook, o administro e sou responsável pelo que acontece", apontou o empresário de 33 anos, defendendo sua empresa como "idealista e otimista". "Nós nos concentramos nas coisas boas que as pessoas que se conectam podem traze", ressaltou.
No entanto, reconheceu o fracasso em evitar que a plataforma fosse usada para fins negativos, para "'fake news', interferência estrangeira em eleições, discursos de ódio, bem como por desenvolvedores".
Zuckerberg se comprometeu a evitar casos como o da CA, em uma nova tentativa de controlar os danos à imagem da companhia e depois de perder cerca de 80 bilhões de dólares em valor no mercado de ações desde meados de março.
"Estamos no processo de investigar cada aplicativo que teve acesso a uma grande quantidade de informações antes que bloqueássemos nossa plataforma em 2014", indicou Zuckerberg, que nesta segunda-feira esteva no Capitólio.
"Se detectarmos uma atividade suspeita, faremos uma auditoria completa. E se descobrirmos que alguém está usando os dados de forma incorreta, nós iremos proibi-los e anunciaremos a todos os interessados", prometeu, segundo o texto divulgado.
O Facebook afirmou que adotou várias medidas para compensar as falhas na proteção de dados, à medida que cresce a pressão por mais regulamentação das redes sociais.
Desde segunda-feira, novas ferramentas de privacidade dominam os feeds de notícias dos usuários, afirmou a empresa, que no domingo anunciou a suspensão de outra companhia de análise de dados, CubeYou, com sede nos Estados Unidos, após relatos de que usava comercialmente dados coletados por meio de testes psicológicos.
Na semana passada, Zuckerberg admitiu que o Facebook provavelmente levará "alguns anos" para resolver os problemas sobre o uso irregular de dados privados de usuários da rede.
O Facebook é alvo de investigações e queixas dos dois lados do Atlântico desde a revelação do escândalo da CA. Facebook, como Google e Twitter, também serviram de trampolim para uma grande operação para desestabilizar as eleições americanas em 2016, que a justiça americana atribui à Rússia em favor de Trump.