Wildleaks: site é uma espécie de WikiLeaks para o ambiente (Reprodução/Wildleaks)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2014 às 18h09.
São Paulo - Os caçadores ilegais que estão devastando populações de rinocerontes e elefantes na África são muitas vezes protegidos da polícia por suas conexões com o poder, mas um grupo de conservacionistas está usando denúncias anônimas para tentar deter os crimes.
Os fundadores do Wildleaks, uma espécie de WikiLeaks para o ambiente, dizem que esta é a primeira plataforma de denúncias dedicada à vida selvagem e aos delitos florestais.
Enquanto guardas florestais encaram criminosos armados, o projeto online quer mirar os maiores traficantes de chifres de rinocerontes e presas de elefantes, que lucram milhões de dólares com sua atividade.
Um de suas fundadores é Andrea Crosta, com 25 anos de experiência em projetos de conservação e pesquisa, e 15 anos de treino em segurança de alto nível e gerenciamento de riscos.
É diretor executivo da Elephant Action League, baseada na Califórnia.
Segundo ele, a plataforma recebe todo tipo de denúncia. Uma delas, por exemplo, envolve um homem muito poderoso no Quênia ligado ao governo, e que está por trás do comércio de marfim.
Há denúncias de caça a tigres no norte de Sumatra, de contrabando de macacos, em particular chimpanzés, na África Central, atividades madeireiras ilegais no México, Malawi e Rússia, pesca ilegal na costa do Alasca.
Uma vez verificada a confiabilidade da informação, a organização tem três opções, diz Crosta.
Pode iniciar uma investigação com seus próprios recursos em colaboração com seus parceiros, partilhar a denúncia com outros grupos ou com agências de execução da lei.
“Esta parece ser uma nova abordagem para a questão das gangues criminosas,” afirma Richard Thomas, da Traffic, o principal grupo mundial de monitoramento do comércio de vida selvagem. “Pode se provar útil com o tempo.”
Representantes do Grupo de Conservação do Instituto Max Plank de Antropologia Evolucionária também se mostram otimistas em relação à plataforma, da qual são parceiros.
“Acho uma ideia verdadeiramente inteligente”, afirma Mimi Arandjelovic, membro da iniciativa.
Mas um dos problemas do projeto é que, para ter sucesso, precisa se tornar conhecido, admite Crosta, segundo a Deutsche Welle.