Tecnologia

WikiLeaks vai compartilhar ferramentas da CIA com empresas

Na terça-feira, o grupo publicou documentos que descrevem as ferramentas de invasão cibernética da CIA e trechos de códigos de computação

Assange: "Considerando o que pensamos ser a melhor maneira de proceder e ouvindo os pedidos de alguns dos fabricantes, decidimos trabalhar com eles para lhes dar acesso exclusivo a detalhes técnicos adicionais", disse (David Paul Morris/Bloomberg)

Assange: "Considerando o que pensamos ser a melhor maneira de proceder e ouvindo os pedidos de alguns dos fabricantes, decidimos trabalhar com eles para lhes dar acesso exclusivo a detalhes técnicos adicionais", disse (David Paul Morris/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 9 de março de 2017 às 15h49.

Washington/Frankfurt - O WikiLeaks irá oferecer a empresas de tecnologia um acesso exclusivo a ferramentas de ciberespionagem da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) que possui para permitir que estas consertem falhas de programas, disse seu fundador, Julian Assange, nesta quinta-feira.

Na terça-feira, o grupo antissegredos publicou documentos que descrevem as ferramentas de invasão cibernética da CIA e trechos de códigos de computação.

O site não publicou a íntegra dos programas que seriam necessários para explorar celulares, computadores e televisões com acesso à internet.

"Considerando o que pensamos ser a melhor maneira de proceder e ouvindo os pedidos de alguns dos fabricantes, decidimos trabalhar com eles para lhes dar acesso exclusivo a detalhes técnicos adicionais que temos para que os consertos possam ser desenvolvidos e implantados, de forma que as pessoas possam ficar protegidas", disse Assange durante uma coletiva de imprensa transmitida via Facebook Live.

Respondendo a seus comentários, o porta-voz da CIA, Jonathan Liu, afirmou em um comunicado: "Como dissemos anteriormente, Julian Assange não é exatamente um bastião de verdade e integridade".

"Apesar dos esforços de Assange e sua laia, a CIA continua a coletar inteligência estrangeira no exterior agressivamente para proteger a América de terroristas, Estados-nação hostis e outros adversários".

Não ficou claro como o WikiLeaks pretende cooperar com as empresas de tecnologia ou se elas irão aceitar a oferta.

Porta-vozes de Google, Apple, Microsoft Corp e Cisco Systems Inc, todos eles fabricantes de aparelhos sujeitos a ataques descritos nos documentos, não responderam de imediato a pedidos de comentário.

Mas várias companhias já disseram estar confiantes de que suas atualizações de segurança recentes já cobriram as supostas falhas detalhadas nos documentos da CIA.

Ainda na terça-feira, a Apple afirmou em um comunicado que "muitas das questões" vazadas já foram sanadas na versão mais atual de seu sistema operacional.

A publicação dos documentos no WikiLeaks reacendeu um debate que questiona se agências de inteligência deveriam ocultar vulnerabilidades de cibersegurança graves ao invés de compartilhá-las com o público.

Um processo interagências criado no governo do ex-presidente norte-americano Barack Obama opinou que é preferível errar pelo excesso de divulgação.

Duas autoridades da lei e da inteligência dos EUA afirmaram à Reuters na quarta-feira que as agências de inteligência estão cientes desde o final do ano passado de uma invasão na CIA, que permitiu que o WikiLeaks divulgasse milhares de páginas de informações em seu site.

Os funcionários, que falaram sob condição de anonimato, disseram que prestadores de serviço provavelmente violaram a segurança e entregaram os documentos ao WikiLeaks.

Assange disse possuir "muito mais informações" sobre o ciberarsenal da CIA que serão divulgadas em breve e criticou a "incompetência devastadora" da agência por não ser capaz de controlar o acesso a um material tão sigiloso.

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