google wikileaks (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2015 às 08h55.
O WikiLeaks enviou uma reclamação formal ao Google, questionando a demora de quase três anos para a empresa informar que forneceu ao governo americano informações pessoais de três funcionários do grupo de ciberativistas após ordem judicial.
O grupo de ciberativistas afirmou que está "atônito e perturbado" e diz que o Google impediu que o WikiLeaks se defendesse da "melhor forma".
A carta, escrita pelo advogado do WikiLeaks em Nova York, pede que o Google liste todos os materiais que enviou ao FBI em 2012 e pergunta se a gigante da tecnologia usou todos os meios necessários para questionar os mandados judiciais.
O Google notificou o WikiLeaks, na véspera de Natal de 2014, que havia atendido uma ordem do departamento de Justiça dos Estados Unidos.
O mandado judicial obrigava a empresa a enviar uma série de informações, incluindo e-mails e endereços de IP, relacionadas a três funcionários do grupo de ciberativismo: Sarah Harrison, editora do WikiLeaks; Kristinn Hrafnsson, porta-voz da organização; e Joseph Farrell, outro editor.
Ao notificar o WikiLeaks em dezembro, o Google afirmou que não pode avisar a organização antes pois havia sido impedida por uma notificação judicial. O Google afirmou que a cláusula de confidencialidade foi extinta posteriormente.
Os mandados judiciais abrangem praticamente todas as mensagens enviadas e recebidas pelos três funcionários. O Google foi obrigado a entregar todos os conteúdos dos e-mails, incluindo rascunhos e conversas deletadas. As fontes e destinos de cada e-mail, além de data e horário, também foram entregues.
O FBI pediu todos os registros relacionados às contas de internet usadas pelo trio, incluindo números de telefone e endereços de IP, detalhes de horário e duração das conexões e endereços de e-mail alternativos. Até mesmo números de cartão de crédito e contas correntes relacionadas ao acesso à internet precisaram ser revelados.
O Google não revelou quais documentos enviou em abril de 2012, quando o prazo estabelecido pela justiça americana se esgotou. A empresa afirma que "segue a lei, como qualquer outra empresa".
"Quando recebemos um mandado judicial, verificamos se ele está dentro da legislação e do espirito da lei antes de aceitá-lo. Se isso não acontece, nós podemos discordar ou pedir que a requisição seja alterada. Temos um histórico de advogar em favor de nossos usuários", afirmou a empresa.
O pedido judicial faz parte de uma investigação criminal contra o WikiLeaks, iniciada em 2010 pelo governo americano. A investigação começou após o site publicar centenas de milhares de documentos secreto, vazados pela militar Chelsea Manning.
Entre os documentos, estavam comunicações entre embaixadas, registros das guerras no Iraque e Afeganistão e um vídeo de uma operação do Exército que vitimou civis em Bagdá.
Os mandados foram editados por um juiz federal do estado da Virgínia, estado americano no qual um júri foi formado para investigar o WikiLeaks.
A justiça americana afirma que o WikiLeaks violou a Lei de Espionagem, editada em 1917, e o Computer Fraud and Abuse Act, norma que regulamenta o uso de computadores no país.
As duas leis foram usadas para processar Chelsea Manning e Edward Snowden, ex-funcionário da CIA que vazou documentos confidenciais da NSA, agência de segurança americana.
Julian Assange, fundador do WikiLeaks, afirma que os mandados de busca são parte de uma "tentativa para construir uma suposta acusação de 'conspiração' contra mim e minha equipe".