O Wikileaks revelou informações sobre uma estrutura de subrono da empresa de segurança privada Stratfor (©AFP/Arquivo / Thomas Coex)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2012 às 16h24.
Londres - A rede WikiLeaks, que abalou a diplomacia mundial em 2010, anunciou nesta segunda-feira que começou a publicar mais de cinco milhões de emails confidenciais da Stratfor, empresa privada norte-americana de inteligência e análise estratégica.
As mensagens eletrônicas, datadas entre julho de 2004 e dezembro de 2011, revelaram o uso de "redes de informantes, estruturas de suborno, técnicas de lavagem de dinheiro e (o emprego de) métodos de cunho psicológico", indica um comunicado do WikiLeaks.
"Os documentos mostram como trabalha uma empresa privada de informação e como bloqueia os indivíduos para seus clientes privados e governamentais", acrescentava o comunicado.
O WikiLeaks afirma ter provas da existência de vínculos confidenciais entre a Stratfor e firmas como a Indienne Bhopal's Dow Chemical Co. e a Lockheed Martin, assim como organizações governamentais, entre elas o Departamento de Estado, o de Segurança Interior (Homeland Security), o Corpo de Fuzileiros Navais e o órgão de informação para Defesa.
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, atualmente está na Grã-Bretanha e tenta evitar uma extradição para a Suécia, país que quer interrogá-lo por quatro supostos crimes sexuais, incluindo um estupro.
O WikiLeaks teme que, caso Assange seja extraditado para a Suécia, Estocolmo o envie aos Estados Unidos.
Washington espera impacientemente pela oportunidade de por as mãos em cima do fundador da ciberempresa, que difundiu centenas de milhares de documentos diplomáticos americanos.
O WikiLeaks, em seu comunicado, promete também que essa nova publicação vai provar a intenção da Stratfor de "subverter" a web e vai mostrar como os americanos tentaram "atacar" Assange.
A Stratfor, fundada em 1996 por George Friedman, se define como "provedora de um serviço de análise de assinatura geopolítica por assinatura".
Segundo a página da companhia texana, "ao contrário dos canais tradicionais de notícia, a Stratfor utiliza os serviços de inteligência para coletar informações graças a um rigoroso software de escutas e uma rede global de fontes humanas".
A empresa privada promete a seus assinantes "conhecimento profundo dos assuntos internacionais, que abrange o que acontece, por que acontece e o que ainda vai acontecer".
De acordo com o WikiLeaks, a dimensão dessas mensagens só será entendida em algumas semanas, quando os meios de comunicação associados e o público examinarem as mensagens.
Entre esses associados estão a revista Rolling Stone, o italiano La Repubblica, o site francês owni.fr.
O WikiLeaks também afirma ter a prova de que a Stratfor deu assinatura ao general paquistanês Hamid Gul, ex-chefe dos serviços secretos do país, que segundo documentos diplomáticos dos Estados Unidos, preparava um ataque com uma bomba artesanal contra membros das forças internacionais no Afeganistão em 2006.
O grupo WikiLeaks diz ainda que tem evidências de que a Stratfor escutou a movimentação online de ativistas que buscavam reparações para a catástrofe de Bhopal (Índia). Esse acidente, o pior da história da indústria mundial, deixou milhares de mortos depois de uma nuvem de gás tóxico escapar da fábrica de pesticidas do grupo Dow Chemical/Union Carbide.
O jovem soldado americano Bradley Manning, suspeito de ser a "toupeira" do portal, foi acusado formalmente nesta sexta-feira por um tribunal por "conspiração com o inimigo".
Bradley Manning é acusado de ter vazado para o WikiLeaks, entre novembro de 2009 e maio de 2010, documentos militares dos Estados Unidos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, assim como 260 mil comunicados diplomáticos do Departamento de Estado, desencadeando uma tempestade nas chancelarias de todo o mundo.
O WikiLeaks deve oferecer uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira no Frontline Club de Londres.