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Vulcão de Yellowstone cala boatos apocalípticos

Nas últimas semanas, blogs e redes sociais fervilharam com boatos sobre sinais preocupantes de que o vulcão poderia acordar após erupção há 640 mil anos

vulcao (AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 18h29.

O vulcão de Yellowstone, no parque nacional americano de mesmo nome, ainda permanecerá adormecido por muito tempo, garantem especialistas, calando boatos apocalípticos.

Nas últimas semanas, blogs e redes sociais fervilharam com boatos sobre sinais preocupantes de que o vulcão poderia acordar após sua última erupção, há 640 mil anos.

Embora na época não tenha sido possível fazer fotos, há registros: segundo especialistas, o continente americano ficou coberto por uma camada de vários centímetros de cinzas e o clima foi afetado por um longo tempo.

De volta à atualidade, um vídeo muito difundido na internet mostra uma manada de bisões fugindo do parque. Dias depois, um tremor de magnitude 4,8 - intensidade que não se via na região há três décadas - alimentou boatos infundados, dos quais são fãs os teóricos da conspiração, de que o apocalipse seria iminente.

Mas não há nada estranho no fato de os bisões correrem em manadas, lembra Al Nash, porta-voz de Yellowstone, um parque nacional do Wyoming, no centro-norte dos Estados Unidos.

"Os bisões, os alces e outros animais abandonaram recentemente o parque, como fazem a cada ano nesta época, para buscar alimento em terras mais baixas", explicou.

Quanto ao terremoto, "não foi de grande potência e não se constatou nenhum dano", tranquilizou Peter Cervelli, diretor científico adjunto do centro de vulcanologia do Instituto de Geofísica americano. "São registrados entre 1.000 e 3.000 tremores ao ano em Yellowstone, é uma zona geologicamente ativa".

Yellowstone infla e desinfla – "Yellowstone, assim como todos os sistemas vulcânicos ativos, respira: o solo infla e desinfla" vários centímetros, explicou à AFP Cervelli.

Ali, a espessura da crosta terrestre é de apenas sete a dez quilômetros, contra os 30 km que a Terra normalmente tem. Por isso, as pressões que esta câmara magmática exerce são mais fortes.

"Após um período de três anos, durante os quais o solo desinflou, nos últimos seis meses temos constatado um processo de inchaço que poderia explicar o último sismo, um pouco mais forte", segundo o vulcanólogo.

Mas não é necessário que internautas em pânico se mudem para a Ásia após o estouro de uns bisões no Wyoming: "Não há nada com o que se preocupar", assegurou o especialista. "Não haverá nenhuma erupção importante em Yellowstone antes de pelo menos várias dezenas de milhares de anos".

"Sempre estamos preparados para uma surpresa e não pretendemos saber de tudo, mas temos um sólido conhecimento da história deste vulcão", disse Cervelli.

Dezenas de sismógrafos e receptores GPS perscrutam permanentemente os movimentos do vulcão em sua gigantesca câmara magmática, que tem 88 km de comprimento, 29 km de largura e 15 km de profundidade.

Ilya Bindeman, geólogo da Universidade do Oregon (noroeste), recorreu à análise isotópica dos minerais nas rochas vulcânicas para determinar a evolução da atividade dos vulcões.

"Sabemos como Yellowstone, um dos maiores supervulcões do planeta, se comportou no curso de sua história, que remonta a 16 milhões de anos, e sabemos em que etapa está atualmente", explicou à AFP.

"O vulcão expeliu material suficiente nas últimas três erupções importantes" e "atualmente está em um ciclo de adormecimento", afirmou Bindeman, que situa a próxima erupção importante em um futuro bem distante para que várias gerações de terráqueos fiquem tranquilos: dois milhões de anos.

Quando isto ocorrer, será algo "nuca visto na civilização humana", disse o cientista. A erupção destruirá tudo em um raio de centenas de quilômetros e cobrirá a América do Norte de cinzas, o que acabará com a agricultura (se ainda existir) e esfriará o clima na Terra por pelo menos dez anos.

A última erupção deste tipo no planeta aconteceu há 7.000 anos na Indonésia.

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