Loja da Vivo em Brasília: companhia não tem a intenção de fechar acordos com redes sociais, como Facebook e Twitter, como forma de ampliar a demanda por seus planos 3G e 4G (Adriano Machado/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2014 às 16h22.
Rio de Janeiro - A Vivo intensificará esforços este ano para aumentar sua cobertura de 3G e 4G e descarta estratégias adotadas por concorrentes de acertar parcerias com provedores de conteúdo para atrair clientes, disse à Reuters o diretor-geral da Telefônica Vivo, Paulo Cesar Teixeira.
Diferentemente da Claro, sua principal rival em banda larga móvel, a Vivo não tem a intenção de fechar acordos com redes sociais, como Facebook e Twitter, como forma de ampliar a demanda por seus planos 3G e 4G, disse o executivo. "Não damos gratuidade, não achamos que isso agregue valor. Preferimos dar mais cobertura", disse.
Crítico desse tipo de acordo, Teixeira afirma que as parcerias tendem a beneficiar mais o site alvo da parceria, que ganha adesão de clientes e vende mais publicidade. "Não tem por que eu beneficiar um conteúdo e discriminar outros." De acordo com Teixeira, a migração da base de clientes do pré-pago para o pós-pago e o aumento do uso da Internet móvel têm sido os carro-chefes na estratégia da Vivo de ampliar receitas.
No ano passado, a Vivo teve receita líquida de 34,7 bilhões de reais, a Claro (incluindo NET e Embratel) chegou a 33,2 bilhões de reais, Oi, 28,4 bilhões de reais; e TIM, 19,9 bilhões de reais.
A Claro liderou o mercado em banda larga móvel (que inclui 3G, 4G e modem) em 2013, segundo levantamento da consultoria Teleco, com 37,8 por cento das linhas, enquanto a Vivo ficou em segundo lugar, com 25,8 por cento. Considerando apenas o 4G, no entanto, a Vivo está na liderança, com 538 mil do total de 1,3 milhão de clientes.
A intenção da Vivo este ano é continuar a migração da base pré-paga para pós-paga, segundo Teixeira. No ano passado, a base pós-paga da operadora subiu 26 por cento (para 23,7 milhões de linhas) na comparação com o quarto trimestre do ano anterior, atingindo uma participação de mercado de 39,8 por cento nesse segmento.
"Há clientes com perfil de pós-pago que ainda estão no pré, então, incentivamos a migração", disse Teixeira, afirmando também que a estratégia passa pela ampliação da penetração de planos de dados compartilhados entre membros de uma mesma família, por exemplo.
No 4G, a estratégia da Vivo também se difere da Claro, que passou a oferecer sem custo adicional Internet de quarta geração para clientes que tenham planos pré-pagos com 3G. "Nesse momento, não vamos oferecer o 4G para o pré-pago, porque nosso mercado-alvo é o pós-pago", disse diretor-geral da Vivo.
"O cliente 4G consome mais dados que o cliente 3G, porque é mais rápido, a volumetria de dados tem que ser adequada ao perfil de uso", declarou. "Para poder ter uma experiência melhor, tem que ter uma franquia (volume de dados incluso no pacote mensal) maior." BARREIRA Teixeira admite que ainda existe uma "barreira de entrada" para uma maior disseminação do 4G no Brasil, que é o alto preço dos smartphones adaptados à tecnologia. "Claramente existe a barreira do preço, mas entre os clientes de alto consumo de dados, chamados clientes premium, a tendência é que passem a utilizar cada vez mais o 4G", disse.
Apesar do preço dos aparelhos, a Vivo vê crescimento acelerado da base de clientes de banda larga de quarta geração, que desde abril de 2013 subiu 140 por cento. "Já temos capitais em que o 4G cresce a dois dígitos, como Rio de Janeiro e Porto Alegre." A operadora investirá este ano de 18 a 19 por cento da sua receita líquida em aumento de capacidade de cobertura de 3G e 4G, dois pontos percentuais a mais que o investido no ano passado. Teixeira lembra que em 2014 a empresa terá de cumprir metas de cobertura rural estabelecidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e aumentar capacidade de tráfego.
O executivo é otimista em relação ao desempenho do setor no Brasil, mesmo em um cenário de desaceleração econômica. "Somos uma indústria que está tendo comportamento melhor que a média do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), porque há uma demanda, embora haja muita competição, é um segmento que está tendo uma adesão, principalmente com a venda de smartphones."