(Getty Images/Getty Images)
Lucas Agrela
Publicado em 20 de junho de 2019 às 08h59.
Última atualização em 20 de junho de 2019 às 09h00.
São Paulo – Não seria ótimo ter um carro autônomo que leva você até o trabalho pela manhã enquanto você tira um cochilo? Apesar de as montadoras de todo o mundo trabalharem para tornar isso realidade, a tecnologia ainda não está pronta para transportar pessoas em segurança. No entanto, isso não impediu que um motorista dormisse por um trecho de quase 50 km nos Estados Unidos dentro de seu veículo da montadora americana Tesla, que oferece recursos de condução semi-autônoma.
"Eu notei que ele estava totalmente adormecido. De olhos fechados e com as mãos longe do volante", disse Shawn Miladinovich à emissora NBC Los Angeles. Ocorrido em uma das estradas mais movimentadas da Califórnia, a 405 Freeway, o caso foi registrado em vídeo e publicado no YouTube. O truque usado para evitar que o alerta sonoro do carro, ativado quando o condutor tira as mãos do volante, foi amarrar um objeto a ele.
Em março deste ano, outro motorista de um Tesla também foi flagrado dormindo ao volante, enquanto o carro, controlado pelo piloto automático, andava a 120 km/h.
O próprio Elon Musk, CEO da Tesla, admite que, hoje, os seus carros ainda não está aptos para funcionar de forma totalmente autônoma, ou seja, sem que seja necessária a supervisão humana na condução. Ainda assim, Musk está otimista e acredita que isso pode acontecer até o final deste ano. Tal atualização chegaria aos veículos como um recurso de software, que poderá ser baixado via internet.
Se Musk conseguir cumprir a sua própria previsão, a Tesla será a primeira empresa do mundo a ter um carro plenamente autônomo. Mas a competição por esse mercado não está fraca. As principais montadoras do mundo têm projetos e metas declaradas para cumprir em relação a essa tecnologia. A Ford, por exemplo, terá seu primeiro carro sem volante ou pedais a partir de 2021. A GM tem uma meta similar e, assim como a Ford, também já apresentou um protótipo de automóvel sem volante.
A meta das montadoras é atingir o nível mais elevado de automação de condução. De acordo com a SAE International (Sociedade Internacional de Engenheiros Automotivos), uma das principais fontes de normas e padrões relativas aos setores automotivo, a automação dos veículos da Tesla é de nível 2, em uma escala que vai até 5. É apenas no nível 4 que o motorista não precisa mais assumir o controle do veículo em nenhum momento. No último nível, o carro pode andar sozinho em qualquer condição (como chuva intensa ou nevasca).
A consultoria americana Allied Market estima que o valor do faturamento anual do mercado de carros autônomos crescerá a uma taxa de 39,4% no período entre 2019 e 2026. Com isso, dentro de sete anos, esse mercado chegará a 556,6 bilhões de dólares, registrando um crescimento total de 927% no período estudado.
Além dos veículos em si, essa tendência deve cativar outros mercados, como o de entretenimento. As montadoras já consideram até mesmo o uso de óculos de realidade aumentada para lidar com o tédio de ficar dentro de um carro sem fazer nada. Fora isso, outra coisa que deve mudar é o conceito de posse de um veículo. Como terão alto valor, talvez até inacessível para consumidores, os automóveis que andam sozinhos estão nos planos das montadoras não como produtos, mas como serviços de mobilidade que levarão as pessoas de um ponto a outro quando quiser, mediante pagamento de uma mensalidade. Seria como é hoje a Uber, mas tirando os motoristas da equação. É por isso, também, que a própria Uber faz testes com carros autônomos e trabalha em tecnologia para o transporte do futuro.
Ainda assim, se tudo der certo, cenas como esta do motorista dormindo ao volante (abaixo) poderão se tornar comuns nos próximos dez anos. Veja o vídeo.