Agonizante: estudo alerta para ameaça que o aumento das temperaturas representa à saúde dos corais. (Divulgação/Brett Lewis e Dr Luke Nothdurft)
Vanessa Barbosa
Publicado em 23 de agosto de 2016 às 16h11.
São Paulo - Pela primeira vez, cientistas registraram em vídeo o preocupante fenômeno de branqueamento de recifes de corais, que ameaça a existência desses ecossistemas tão ricos em todo o mundo.
O branqueamento (do inglês ‘bleaching’) ocorre quando as condições ambientais se tornam anormais — pela elevação da temperatura da água do mar, por exemplo —, e levam os corais a "expelir" as pequenas algas fotossintéticas, chamadas "zooxantelas", que vivem sobre sua superfície e lhe dão a cor característica.
Essas algas também provêem carbono para o metabolismo, o crescimento e a reprodução dos corais. Sua perda faz com os corais fiquem brancos e enfraquecidos e, com o tempo, venham a morrer.
Para simular o aumento da temperatura da superfície do mar, os pesquisadores colocaram corais solitários (actiniformis Heliofungia) em aquários de temperatura controlada e com capacidade para 10 litros de água.
Durante os experimentos, a equipe aumentou gradativamente a temperatura da água de 26ºC a 32ºC ao longo de 12 horas, e a manteve aí por oito dias.
Os resultados, reunidos num vídeo em time-lapse e descritos na revista científica Coral Reefs, mostram os corais passando pelo agonizante processo de branqueamento.
"O que é realmente interessante é o quão rapido e violentamente o coral expele seus simbiontes residentes", disse Brett Lewis, um dos autores, da Universidade de Tecnologia de Queensland. Duas horas após a elevação da temperatura, os cientistsas já observaram o fenômeno.
Os eventos de branqueamento de coral em massa são uma preocupação para os cientistas, especialmente diante dos recentes acontecimentos na Grande Barreira de Corais. Eles alertam para a ameaça que o aumento das temperaturas representa à saúde dos ecossistemas de recifes.
Os corais branqueados podem se recuperar se a temperatura voltar ao normal, pois as zooxantelas são capazes de recolonizá-los, mas esse processo pode levar uma década ou mais. Se os corais não são forem recolonizados rapidamente, eles podem morrer.