Victor Caputo
Publicado em 2 de fevereiro de 2016 às 15h28.
Última atualização em 21 de outubro de 2016 às 18h09.
São Paulo -- O Vibe é a primeira investida da Lenovo no Brasil, ao menos usando a marca Lenovo. A empresa vinha atuando por aqui somente com a marca Motorola, que havia sido comprada do Google em outubro de 2014. A chegada do Vibe não muda em muito a estratégia da empresa, nem o tipo de produto que é oferecido. Por enquanto, os topos de linha continuam sendo Motorola (com a linha Moto X). O Vibe, por sua vez, chega para concorrer no mesmo mercado do Moto G, o de smartphones intermediários.
Em comparação com o Moto G, o Vibe traz poucas diferenças. A principal delas, provavelmente, é a presença de um sensor de digitais, que deve chegar a todos os smartphones Moto que serão lançados em 2016. Em linhas gerais, o Vibe traz boa construção, materiais de qualidade e um preço que, mesmo não sendo o mais baixo da categoria, cabe no bolso de parte dos consumidores.
No quesito design, o Vibe chama a atenção por conta da escolha e do uso de bons materiais. Por mais que a traseira seja em plástico, ele não é do tipo que deixa a impressão de ser algo barato. As laterais são em metal. Particularmente, me sinto muito mais satisfeito ao usar um produto que tenha contorno em metal, em vez de plástico pintado, que eventualmente irá descascar.
Os botões físicos do produto se concentram na lateral direita e são dois. O superior é um botão único e alongado para o controle do volume. Abaixo dele está o liga e desliga, que serve também para travar a tela. Algo interessante é o aproveitamento da tela na parte frontal. Ela ocupa boa parte e não desperdiça espaço.
Uma peculiaridade são os botões de controle do Android. A escolha aqui é diferente do usual nos smartphones Motorola. Ele não é exibido na tela, mas, sim, ocupa uma porção abaixo dela. Aqui fica um ponto negativo do Vibe. A ausência de retro iluminação pode frustrar o uso durante a noite ou em ambientes escuros. A distribuição também é diferente do padrão adotado pela linha Moto. O botão voltar fica à direita do botão home--seguindo o mesmo esquema usado, por exemplo, pela Samsung.
Acima e abaixo da tela estão duas saídas de som. O produto usa tecnologia Dolby Atmo, que promete sons com menos distorção. De fato, nos testes ele se mostrou mais cristalino e capaz de atingir um volume mais alto. Por favor, não vá incomodar as pessoas no transporte público com isso.
A parte traseira é construída em plástico. O material é fosco e fica manchado com facilidade após o uso. Ele também não é lá muito fácil de limpar. Se esse é o tipo de coisa que vai lhe incomodar muito, talvez seja melhor pensar duas vezes antes de usar sem uma capa. Falando nisso, o produto já vem acompanhado de uma capa protetora. Ela é de plástico, bem firme e transparente. Algo que notamos é que ela arranha com facilidade.
Na parte superior traseira está a câmera, centralizada. Ao lado dela está o flash, dual LED, vale dizer. Abaixo da câmera, está o leitor de digitais. Ele se mostrou veloz e certeiro em nossos testes. Algo a que me acostumei é deixar o smartphone de cabeça para baixo no bolso. Ao pegar, já encaixo o dedo no leitor de digitais. Em 95% das vezes, ele está destravado quando chega em frente aos meus olhos. Os outros 5% são erros de leitura na digital.
A tampa traseira é removível, do jeito fácil, não daquele que você fica em dúvida se está destruindo o produto ou somente desencaixando. Abaixo, estão os slots para os dois cartões de operadora, assim como o espaço para cartão microSD--que pode ser de até 128 GB. A bateria, aliás, fica presa e não deve ser removida.
As câmeras do Vibe são bastante modestas. A traseira conta com 13 megapixels e a frontal, 5 megapixels. O software é extremamente simples, sem muitos recursos. Ele não vem com opções de ajustes manuais e as câmeras não lidaram muito bem com extremos de iluminação. Em ambientes com muita luz, as fotos podem ficar estouradas, como você pode ver abaixo (essa abaixo foi o pior resultado). Ele não é capaz de equilibrar tonalidades claras e escuras. O resultado é uma camada branca sobre a foto--penalizando muito as cores e deixando a imagem um pouco apagada. Por outro lado, no escuro, falta nitidez e definição.
Os recursos na câmera são poucos. O usuário pode ligar ou desligar o modo HDR. Além disso, a Lenovo disponibiliza alguns filtros. Alguns deles têm nomes misteriosos. Felizmente, é possível visualizar como a imagem ficará em tempo real, então basta passear por eles e escolher o que mais agradar.
A câmera frontal tem os mesmos problemas da traseira. Apesar da dificuldade em lidar com iluminação, as fotos são nítidas. O segredo para quem for usar é procurar um local com iluminação adequada. Quando isso não for possível, o resultado final poderá não agradar.
O Lenovo Vibe tem uma bateria de 3.300 mAh. Os testes de bateria do INFOlab mostraram que ele resistiu por oito horas e quarenta minutos exibindo vídeos em alta resolução. Ele superou por pouco o Zenfone 2, da Asus, que resistiu por oito horas e quinze minutos. Vale lembrar que elegemos o Zenfone 2 melhor smartphone abaixo de dois mil reais.
Ele chegou a superar produtos topo de linha, como o iPhone 6 Plus, que aguentou por pouco mais de oito horas. Mesmo assim, ele perde de lavada de smartphones como o Moto X Play (que tem a bateria como um de seus apelos) ou o RedMi 2, da Xiaomi, que resistiu por nove horas e meia.
O Lenovo Vibe chega com uma escolha pouco usual. Ele não usa processador da Qualcomm, comum nos smartphones Moto. Seu processamento fica por conta da MediaTek. Ele tem oito núcleos de processamento de 1,30 GHz cada.
A memória RAM é de 2 GB, quantidade que não foge do usual nessa categoria de smartphone. O armazenamento interno da unidade testada era de 32 GB. Não que seja pouco (vai depender do tipo de uso), mas ele ainda conta com a possibilidade de expansão com um microSD de até 128 GB.
Em desempenho, ele perde para o Asus Zenfone 2. Vale lembrar que o Zenfone 2 conta com processamento da Intel e ainda tem o dobro de memória RAM. Veja abaixo os comparativos.
SistemaO Lenovo Vibe roda um Android Lollipop. Ele tem algumas modificações feitas pela fabricante. É verdade que as mudanças não são lá tão invasivas quanto de outras empresas. Um recurso presente, e que o Google demorou para colocar oficialmente, é de fechar todos os apps dentro da visualização daqueles que estão abertos.O menu de apps também tem algumas diferenças estéticas em relação ao Android puro. Os aplicativos de mensagens, arquivos, galeria entre outros sofreram alterações. O smartphone vem acompanhado de aplicações do Google (estas não modificadas) como Gmail, Google Plus, Música, Filmes e Drive.As alterações da Lenovo não chegam a incomodar. Mas ao mesmo tempo acrescentam pouco à experiência. Nessas horas, é difícil entender o que leva a empresa a colocar desenvolvedores para trabalhar em algo dispensável.Vale a pena?O Vibe parece uma tentativa da Lenovo de ver como o mercado brasileiro reagiria à sua chegada. Pensando friamente, ele não tem nenhum grande apelo. Seu preço não é tão baixo, suas especificações não se destacam entre os intermediários e a empresa não adiciona serviços que possam convencer que usuários migrem de outra marca. Por incrível que pareça, um dos aspectos mais interessantes no produto é a presença do leitor de digitais. Nessa faixa de preço, o recurso não é nada comum. O Vibe não é ruim, mas também não deve conquistar o consumidor rapidamente.Ficha técnicaAvaliação técnica
AnTuTu (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
---|---|
Vibe | 37463 |
Asus Zenfone 2 | 47789 |
Vellamo (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Vibe | 2839 |
Asus Zenfone 2 | 3145 |
Basemark OS II (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Vibe | 760 |
Asus Zenfone 2 | 1242 |
Geekbench (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Lenovo Vibe | 2696 |
Asus Zenfone 2 | 2850 |
3D Mark (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Lenovo Vibe | 7506 |
Asus Zenfone 2 | 19909 |
Sistema operacional | Android Lollipop |
Processador | MediaTek MT6735 |
CPU | Octa-core 1.3 GHz |
GPU | Mali-T720 |
Armazenamento | 36 GB + microSD de até 128 GB |
RAM | 2 GB |
Tela | 5,5 Full HD |
Peso | 157 gramas |
Bateria | 8h40 |
Prós | Leitor biométrico; Bons materiais; Bom áudio |
Contras | Poucos diferenciais pela faixa de preço |
Conclusão | Smartphone que não se destaca em sua faixa de preço, mas não decepciona o usuário |
Configuração | 8.1 |
Usabilidade | 8.2 |
Foto | 7.0 |
Bateria | 8.0 |
Design | 8.5 |
Média | 7.9 |
Preço | 1.399,00 |