O presidente passou de crítico da rede social a adepto declarado, e se tornou um fenômeno no Twitter
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2010 às 11h59.
Caracas - Não é raro ouvir os fieis seguidores de Hugo Chávez justificando suas falhas, depois de mais de 10 anos no poder na Venezuela, repetindo que "o presidente foi enganado" pelos ministros e colaboradores.
Mais habitual ainda é que seus opositores critiquem o líder por estar distanciado da realidade e dos problemas dos venezuelanos, porque vive como um deus e "não pisa no barro."
E ainda que Chávez costume recusar ambos os extremos, parece ter descoberto no Twitter um poderoso e inesperado aliado para conhecer em primeira mão os pedidos, exigências, queixas e denúncias dos cidadãos, realizados à razão de milhares por hora. E resumidos a 140 caracteres.
"Esse telefone aqui vai quase derreter. Agora estou me inteirando de muitas coisas, com ele," disse Chávez na semana passada em uma cerimônia da nova política nacional.
Aguçado pela crescente influência do Twitter no convulsivo panorama informativo venezuelano e irritado pela avassaladora influência dos oposicionistas, frente à baixa presença dos "revolucionários," Chávez equipou seu celular BlackBerry com o popular serviço de microblogs para ganhar mais controle sobre a batalha da mídia online.
O presidente passou de crítico da rede social a adepto declarado, e se tornou um fenômeno no Twitter: em apenas cinco semanas, sua página, @chavezcandanga, ultrapassou os 450 mil seguidores e lidera com folga um ranking onde antes predominavam alguns de seus mais entranhados opositores.
De fato, a adesão do "soldado bolivariano, socialista e anti-imperialista," como Chávez se define em seu perfil, serviu para dar mais visibilidade, impacto e usuários ao Twitter e para acrescentar um meio adicional de comunicação no qual ele pode dialogar com seus adeptos e enfrentar seus inimigos.
"Chávez se converteu em um legitimador do poder das plataformas digitais, o que me parece um movimento político interessante. Em lugar de combatê-las, se uniu a elas," disse Andrea Hoare, professora de tendências digitais na Universidad Central da Venezuela (UCV).