Partida entre Corinthians e São Paulo na NBB: liga de clubes terá partidas transmitidas pela plataforma Twitch (Divulgação/Divulgação)
André Jankavski
Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 17h45.
Última atualização em 10 de janeiro de 2020 às 19h28.
São Paulo – O basquete brasileiro terá mais uma plataforma de transmissão. A liga NBB (Novo Basquete Brasil) acaba de fechar um contrato com o serviço de streaming Twitch, especializado em videogames. A informação foi obtida com exclusividade por EXAME. É a primeira parceria realizada pela companhia americana, controlada pela gigante varejista Amazon, com uma liga brasileira. A estreia ocorrerá no dia 15 de janeiro, na partida entre Basquete Cearense e Pinheiros.
Mas por que uma plataforma conhecida por ser frequentada por jovens aficionados por jogos de videogame decidiu transmitir basquete? Trata-se de um movimento global da empresa, adquirida pela Amazon em 2014 por quase 1 bilhão de dólares.
“A Twitch já vem apostando em ligas além dos esportes eletrônicos, como a NBA (liga americana de basquete) e NFL (liga de futebol americano). E a transmissão seguirá o estilo próprio que já é visto atualmente na plataforma”, diz Wladimir Winter, diretor de conteúdo e parcerias da Twitch no Brasil.
Se você tem acima de 25 anos e não é fã de videogames, provavelmente não faz ideia qual é o estilo de transmissão do Twitch. Atualmente, a maior parte dos 15 milhões de usuários ativos da plataforma, em sua maioria com idades entre 16 e 23 anos, procuram influenciadores para vê-los atuando em partidas de videogames. A forma de falar é bem parecida com uma brincadeira entre amigos – também popular. Mas não só isso: eles querem interagir com os ídolos durante a jogatina, mandando mensagens e participando dos vídeos. Os fãs participam das partidas nem que seja doando dinheiro para os influenciadores.
Sim, mesmo a plataforma sendo gratuita, os usuários doam dinheiro para os criadores de conteúdo. O americano Tyler Blevins, que utiliza o apelido “Ninja”, chegou a arrecadar 712.000 dólares por mês antes de assinar com a Microsoft para mudar de plataforma de streaming. Em uma só partida, ele chegou a receber 50.000 dólares dos seus fãs.
Não à toa, a transmissão da NBB seguirá nos mesmos moldes vistos na Twitch ou até mesmo no YouTube. Esqueça as narrações burocráticas e os comentários sóbrios dos analistas. A NBB e a Twitch convocaram o ex-jogador e agora influenciador Douglas Viegas, também conhecido como “Ninja” (não confunda com o americano), para ser o responsável pela transmissão – confira uma prévia aqui. Dono de um perfil irreverente, com falas repletas de gritos e palavrões, o Ninja brasileiro terá total independência na transmissão, segundo as empresas.
“O consumo de conteúdo esportivo muda constantemente e estamos atentos a essa transformação. Queremos engajar uma nova audiência”, diz Kouros Monadjemi, presidente da Liga Nacional da Basquete. Além da Twitch, a NBB terá outras seis plataformas de transmissão: Band, na televisão aberta, Fox Sports e ESPN, na televisão paga, além das mídias sociais Facebook e Twitter e o serviço de streaming DAZN.
Já a parceria da NBB com a Twitch é um piloto: serão dez partidas transmitidas durante esta temporada. Caso dê resultado, o projeto deve ser renovado para a temporada do ano que vem.
A Twitch não quer ficar fora da guerra do streaming que vem ocorrendo nos últimos anos. Mas, para isso, a empresa sabe que não pode depender apenas dos fãs de videogames. Por isso, vem diversificando vídeos e transmissões ao redor do mundo – músicas, programas de entrevistas, gastronomia, entre outros. Hoje, no entanto, 70% da audiência ainda vem dos esportes eletrônicos. Segundo a consultoria SuperData, apenas com o mercado gamer, a Twitch teve faturamento de 1,54 bilhão de dólares – mais do que o YouTube no mesmo segmento, com 1,46 bilhão de dólares.
Aqui no Brasil, a Twitch também pretende criar novos tipos de transmissão, como parcerias com ligas de futebol em que jogam os times brasileiros. Esse movimento também é feito pela concorrente DAZN, que transmite partidas ao vivo de campeonatos como a Copa Sul Americana, Campeonato Paranaense e a Série C do Campeonato Brasileiro, além de ligas internacionais.
“Acredito que somos concorrentes das principais plataformas e que, em breve, elas também buscarão alguns de nossos diferenciais, como a interatividade durante as transmissões”, diz Winter, da Twitch. Para isso, no entanto, a empresa precisará ir além dos millennials.