TV Samsung: material captado pelo microfone é enviado para empresas externas (Divulgação/Samsung)
Victor Caputo
Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 10h42.
São Paulo – Tem algo importante e que você não gostaria que ninguém soubesse para contar para alguém? É melhor você correr para longe das televisões da Samsung antes de expor seus segredos.
Ao menos é isso que você vai querer fazer depois de dar uma olhada na política de privacidade da empresa para suas Smart TVs.
Ao explicar o comando de voz, a Samsung escreve: “Para fornecer o recurso de Reconhecimento de Voz, alguns comandos podem ser transmitidos (junto com informações sobre seu aparelho) para serviços de terceiros que irão converter a fala para texto”.
Compreensível. Para que o comando de voz seja executado, é preciso transformá-lo em texto antes. Mas o texto da Samsung não para por aqui.
“Por favor, esteja atento que se suas palavras incluírem informações pessoais ou sensíveis, essas informações estarão entre os dados coletados e transmitidos para um serviço externo usando o recurso de Reconhecimento de Voz”, completa a Samsung.
Ou seja, a sua sala de estar não é mais o lugar mais apropriado onde você pode ter conversas particulares e privadas.
É difícil não lembrar do “Grande Irmão” do livro 1984, de George Orwell. Ele era uma entidade governamental que vigiava os cidadãos por um dispositivo chamado Teletela. Dentro das salas das pessoas, a Teletela captava e enviava informações ao governo sobre o que era falado e feito.
A diferença aqui é que as informações obtidas pelas televisões da Samsung não vão para o governo, mas para empresas.
Como evitar
Um porta-voz da Samsung falou sobre o posicionamento da empresa para a versão australiana do site Cnet. De acordo com ele, os usuários podem desligar o recurso de comando de voz a qualquer momento no menu de configurações.
“Os usuários podem reconhecer com facilidade se o recurso está ativado porque um ícone de microfone aparece na tela”, completou o porta-voz da empresa.
Concorrência
A Cnet aproveitou para dar uma olhada nos termos de privacidade de empresas concorrentes. A Philips, por exemplo, não especifica quais tipos de informações são coletadas de um usuário e o que é feito com elas.
Os termos da LG são também superficiais. Nenhuma informação sobre o que é feito com as informações está publicada no site.
A LG, inclusive, foi investigada em 2013 por coletar informações demais em suas televisões – dados como arquivos armazenados em um USB conectado às suas TVs eram enviados para a empresa.