Quase metade das pessoas que compraram televisores com acesso à internet no Brasil não usam esse recurso (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 19 de setembro de 2011 às 18h25.
São Paulo — A TV inteligente, com acesso à internet, ainda está na sua infância e precisa evoluir para agradar totalmente ao consumidor. Mas a tendência é que ela adquira capacidade para rodar jogos e aplicativos com grande qualidade visual, e torne dispensáveis os consoles de videogames.
Essas são algumas das conclusões do debate “TV: a nova tela conectada”, realizado nesta segunda-feira na Editora Abril, à qual pertence Exame.com. O debate, mediado por Sandra Carvalho, diretora de Exame.com, teve a participação de Milton Neto, da LG; Rafael Cintra, da Samsung; e Marcelo Zuffo, da USP.
Lançados no mercado brasileiro em 2009, os televisores conectados tiveram 700 mil unidades vendidas no país no ano passado. Neste ano, as vendas devem chegar a 2,7 milhões, prevê a Samsung. Mas tanto a Samsung como a LG calculam que quase metade dos consumidores que possuem esses televisores não usam o acesso à internet. “Das 700 mil pessoas que compraram no ano passado, talvez 400 mil usem recursos que dependem da internet”, diz Rafael Cintra, gerente de produto da Samsung.
YouTube na telona
Há várias razões para essa pouca utilização dos recursos “inteligentes” da TV. Para começar, como são novos, muitas pessoas não estão familiarizadas com eles. “As pessoas adotam mais facilmente aplicativos que já conhecem em outra plataforma. É o caso daqueles que dão acesso aos portais da web e ao YouTube, assim como os jogos casuais”, diz Milton Neto, da LG.
Já para Marcelo Zuffo, da USP, a lentidão da internet brasileira desestimula o acesso a serviços como o vídeo sob demanda, que exige conexão de boa qualidade. Uma terceira razão estaria na própria imaturidade desses equipamentos. Eles ainda não suportam jogos com gráficos de alta qualidade, por exemplo. “Ainda não há processadores potentes o bastante para exibir gráficos 3D em full HD numa tela tão grande. Mas eles virão em 2012 ou 2013”, diz Zuffo.
Além disso, é incômodo digitar palavras no televisor usando o controle remoto e nem todas as pessoas têm um teclado alfanumérico sem fio para isso. Todos concordam que o modelo de negócios para a distribuição de conteúdo na TV ainda não está claro. “Nossa plataforma permite publicidade e cobrança de assinatura. A maneira de comercializar depende do provedor de conteúdo”, diz Milton Neto, da LG.
Fim dos consoles?
Mesmo com essas limitações, típicas de uma plataforma nova e ainda imatura, todos concordam que a TV conectada vai evoluir e assumir um papel cada vez mais importante. “Algum dia, todos os televisores serão como consoles de videogame”, diz Milton Neto. Quando isso acontecer, dentro de poucos anos, os consoles para jogos podem se tornar dispensáveis.
Já em 2012, a maior parte dos televisores à venda terão capacidade para exibir imagens em 3D. “Logo, todos os televisores serão ‘3D ready’, como agora são ‘HD ready’. É muito fácil incorporar suporte a 3D a esses aparelhos”, diz Zuffo. Numa etapa posterior, eles devem ganhar resolução ainda maior que a atual. “Em 2014 ou 2016 teremos transmissões em Ultra-HD no Brasil”, completa.