Tecnologia

Três anos após receber uma vacina contra o câncer, esses pacientes se mantiveram livres da doença

Tratamento experimental apresentou resposta imune promissora e manteve pacientes saudáveis

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 13h56.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2025 às 10h28.

Uma vacina experimental contra o câncer de rim está mostrando sinais promissores em seus primeiros testes. Dados da fase I do ensaio clínico, divulgados esta semana, indicam que a formulação é segura e desencadeou uma resposta imune em todos os nove pacientes testados. Desde que receberam o imunizante há cerca de três anos, nenhum deles teve recidiva da doença.

O estudo, conduzido por pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, do Broad Institute do MIT e de Harvard, busca evitar o retorno de tumores avançados de rim. O resultado sugere que esse tipo de abordagem pode ter um potencial maior do que o esperado para combater diversos tipos de câncer.

As vacinas tradicionais ensinam o sistema imunológico a reconhecer e atacar ameaças futuras, como vírus da gripe ou sarampo. Alguns imunizantes, como o contra o HPV, ajudam a prevenir infecções que podem causar câncer. Mas as chamadas vacinas terapêuticas atuam de outra forma: elas estimulam a resposta imune para tratar um câncer já existente ou impedir que ele volte.

O problema é que as vacinas contra o câncer, até hoje, tiveram eficácia limitada. Agora, novos métodos buscam melhorar esse cenário. Um dos mais promissores envolve os neoantígenos, proteínas exclusivas geradas por células cancerígenas à medida que sofrem mutações. A ideia é treinar o sistema imunológico para reconhecer essas proteínas e atacar o tumor.

Vacina sob medida para cada paciente

O ensaio clínico, conduzido pelo hospital Dana-Farber e com resultados publicados na Naturem, envolveu nove pacientes com carcinoma renal de células claras em estágio III ou IV.

Todos passaram por cirurgia para retirada do tumor, e alguns também receberam um medicamento imunoterápico chamado pembrolizumabe, que ajuda a reforçar a resposta do sistema imune contra o câncer.

Os pesquisadores analisaram as mutações presentes nas células tumorais de cada paciente e identificaram quais neoantígenos tinham maior probabilidade de gerar uma resposta imune.

Em seguida, produziram esses fragmentos de proteína em laboratório e os incorporaram na vacina personalizada para cada indivíduo.

Um passo além do melanoma

A importância da pesquisa vai além do câncer renal. O primeiro estudo desse tipo havia sido feito para tratar o melanoma, um câncer de pele conhecido por sua alta taxa de mutações.

Já o tumor renal tem uma carga mutacional menor, o que gerava dúvidas se a abordagem funcionaria nesse caso. O sucesso do experimento, no entanto, indica que esse tipo de vacina pode ser eficaz mesmo para tumores com menos mutações.

Apesar dos bons resultados, o estudo continua em fase inicial. Ensaios clínicos de fase I, como esse, servem principalmente para avaliar a segurança de um novo tratamento. Para confirmar sua eficácia, será preciso testá-lo em um número muito maior de pacientes.

Próximos passos

A equipe já está avançando para a próxima etapa da pesquisa. Um novo estudo internacional, com um número maior de pacientes, testará a mesma estratégia de vacina personalizada combinada com a imunoterapia.

Acompanhe tudo sobre:VacinasCâncer

Mais de Tecnologia

WhatsApp volta ao normal depois de parar de funcionar em vários países

Pequim anuncia plano para avanço em inteligência incorporada

WhatsApp fora do ar? App de mensagens apresenta instabilidade nesta sexta-feira

Google faz novos cortes de funcionários e atinge setores de IA, Cloud e segurança