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Transição energética traz dúvidas sobre usinas elétricas alemãs

A empresa energética alemã RWE quer fechar seis usinas na Alemanha e a EON pretende se mudar para a Turquia.

usina (©afp.com / Patrik Stollarz)

usina (©afp.com / Patrik Stollarz)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2013 às 13h21.

Berlim - A empresa energética alemã RWE quer fechar seis usinas na Alemanha e a EON pretende se mudar para a Turquia. A saída dessas companhias mostra que os produtores alemães de eletricidade enfrentam as consequências da transição energética, grande medida da chanceler Angela Merkel, pontilhada de incertezas.

O futuro das usinas movidas a carvão e gás é um dos grandes pontos de interrogação desta transição, que deve levar a Alemanha a abandonar, em 20 anos, a energia nuclear, e as fontes renováveis a se tornarem 80% da produção elétrica até 2050.

Merkel, que espera se eleger para um terceiro mandato nas legislativas de 22 de setembro, reivindica o popular abandono da energia atômica. Mas esta política energética vai privar os produtores de eletricidade, EON e RWE em primeiro lugar, de ganhos proveitosos obtidos com suas usinas atômicas. E a partir de agora, ela transforma suas usinas de gás e carvão, marginalizadas pela concorrência das renováveis, em fontes de prejuízo.

"Muitas de nossas usinas operam no prejuízo", afirmou recentemente o diretor financeiro da RWE, Bernhard Günther.

Como consequência, a RWE pretende fechar várias usinas na Alemanha e na Holanda, que representam uma capacidade acumulada de 4.300 Megawatts (Mw). E outras podem seguir o mesmo caminho, acrescentou Günther.

A Agência de Redes, que deve avaliar estes fechamentos, recebeu desde o fim de 2012 quinze pedidos de fechamento, segundo um porta-voz. A norueguesa Statkraft, entre outras, anunciou que fechará duas instalações na Alemanha.

Eólica e solar são prioridade

O apoio às renováveis se traduz, sobretudo, na prioridade dada à própria energia que alimenta a rede. Tudo o que as eólicas e os painéis solares produzem deve passar, enquanto a produção de carbono e gás só serve para tapar buraco.

Em função do boom de energia solar nos últimos anos, devido a um regime generoso de subsídios, a capacidade instalada das renováveis atualmente é tal que, se o vento soprar ou o sol brilhar, inclusive ao mesmo tempo, a Alemanha pode em algumas oportunidades deizar de usar suas usinas convencionais.

Entre abril e maio, algumas usinas da RWE funcionaram a menos de 10% de sua capacidade, explicou Günther. Como o preço do atacado da eletricidade é o mais baixo da Europa, isto se traduz em perdas substanciais.

Recentemente, o problema dizia respeito às usinas a gás, mas, segundo ele, a partir de agora até mesmo o carvão não é mais obrigatoriamente rentável.

A EON brigou durante meses com as autoridades regionais sobre o destino de sua usina a gás de Irshing, na Bavária. Inaugurada em 2010, a central funciona precariamente. O grupo concordou em mantê-la em serviço, como desejavam reguladores e poder público em uma solicitação de garantia de abastecimento, mediante o pagamento de uma compensação.

A Agência de Redes advertiu que não aprovará mais fechamentos de usinas no sul do país, onde a demanda é maior. A geração a partir de fontes renováveis é inteiramente dependente do clima e as fontes convencionais precisam garantir o abastecimento quando estas falham. Quando isto ocorre, os operadores pedem compensação.

Atualmente, as usinas do grupo EON "trabalham por nada", lamentou recentemente o diretor Johannes Teyssen, que estuda outros cenários de fechamento e - por que não? - transferir a empresa para a Turquia, onde o grupo está solidamente implantado.

"Eu acredito que é sempre uma ameaça, será muito, muito complicado, e me espantaria que pensassem nisso seriamente", comentou uma fonte do setor em declarações à AFP.

Neste período pré-eleitoral, as ameaças fazem parte do jogo. Todo o setor espera do futuro governo uma revisão profunda das modalidades da transição energética.

"Todos os problemas são conhecidos e identificáveis, não haverá descanso para o futuro governo", advertiu Hildegard Müller, presidente da federação do setor, BDEW.

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