Tecnologia

TikTok busca convencer reguladores da UE sobre proteção de dados

Por meio do chamado Project Clover, a empresa chinesa planeja criar um “enclave seguro” para dados dos 150 milhões de usuários do TikTok

TikTok na berlinda: empresa teme bloqueios nos mercados do Ocidente impulsionados por EUA e União Europeia (Brent Lewin/Bloomberg)

TikTok na berlinda: empresa teme bloqueios nos mercados do Ocidente impulsionados por EUA e União Europeia (Brent Lewin/Bloomberg)

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Agência de notícias

Publicado em 8 de março de 2023 às 14h27.

Última atualização em 8 de março de 2023 às 15h36.

O TikTok, controlado pela ByteDance, detalhou nesta quarta-feira, 8, uma iniciativa para fortalecer suas práticas de proteção de dados na Europa, em meio à repressão de vários governos sobre o uso do aplicativo de compartilhamento de vídeo por funcionários públicos.

Por meio do chamado Project Clover, a empresa chinesa planeja criar um “enclave seguro” para dados dos 150 milhões de usuários do TikTok, disse Theo Bertram, diretor de política europeia do TikTok, em comunicado.

Isso envolverá restrições adicionais sobre a transferência de dados para fora da Europa, contratação de uma empresa de segurança externa para auditar os processos de manuseio de dados do aplicativo e armazenamento de informações de usuários europeus em data centers locais.

A medida segue um acordo semelhante nos EUA chamado Project Texas, anunciado no final de 2020 depois que o ex-presidente Donald Trump ameaçou banir o aplicativo. Sob o acordo, a Oracle ficou responsável por armazenar e auditar o processamento dos dados de usuários americanos do TikTok.

“O governo chinês nunca nos pediu dados e, se o fizesse, nos recusaríamos a fazê-lo”, disse Bertram durante entrevista coletiva. Segundo o executivo, a abordagem da empresa para o armazenamento de dados impossibilitaria o governo chinês de obrigar o TikTok a entregar dados europeus, sendo que controles e auditoria de dados minimizariam o risco de “acesso de backdoor” às informações.

Os dados europeus são atualmente armazenados em data centers em Singapura e nos EUA, mas serão migrados para um ambiente seguro na Europa, construído por uma empresa europeia ao longo de três anos e a um custo de US$ 1,5 bilhão, disse Bertram na coletiva. Funcionários da empresa fora da Europa ainda poderão acessar os dados, mas apenas por motivos específicos e com protocolos de acesso rígidos auditados por outra empresa.

Bertram descreveu o Project Clover como uma “mudança em atender aos padrões da indústria para definir um novo padrão quando se trata de segurança de dados”.

Nas últimas semanas, a Comissão Europeia – seguida por outras instituições, incluindo o Parlamento Europeu – instruiu funcionários a excluir o aplicativo de seus telefones de trabalho, citando questões de privacidade de dados e segurança cibernética.

Um político da Comissão disse que a instrução para deletar o aplicativo serviu como medida de precaução, acrescentando que não havia ameaça imediata a funcionários da agência. Mas esse passo indicou uma mudança acentuada no tom do continente. A empresa classificou a medida como “antieuropeia”.

O TikTok reconheceu um enorme escândalo de dados no final do ano passado, em que vários empregados acessaram dados pessoais de usuários, incluindo de jornalistas, como parte de uma tentativa de reprimir vazamentos na mídia. A empresa disse que esses funcionários foram demitidos.

Os EUA têm sido muito mais agressivos em sua abordagem em relação ao TikTok. Alguns parlamentares propuseram banir completamente o aplicativo no país ou obrigar a ByteDance a vender a plataforma de compartilhamento de vídeos.

Por outro lado, autoridades da UE têm sido mais calmas em sua abordagem. O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, visitou Bruxelas no início do ano e se reuniu com vários comissários que levantaram questões de privacidade, no entanto, a empresa foi informada de que deveria seguir as regras da UE para operar no continente.

No entanto, o comissário do Mercado Interno, Thierry Breton, mandou um aviso contundente à empresa logo depois, dizendo que o aplicativo seria banido no continente se houvesse mais problemas de moderação de conteúdo ou proteção de dados.

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