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Aquecimento afeta sexo de tartaruga marinha e ameaça espécie

Estudo publicado na Science mostra que alta na temperatura global influencia nascimento de mais fêmeas, o que pode levar à extinção da espécie em poucas décadas


	Tartaruga marinha: quando a temperatura da areia passa dos 30°C, aumentam as chances do nascimento de fêmeas
 (Hector Guerrero/AFP)

Tartaruga marinha: quando a temperatura da areia passa dos 30°C, aumentam as chances do nascimento de fêmeas (Hector Guerrero/AFP)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 21 de maio de 2014 às 14h44.

São Paulo – Imagine sua mãe, grávida, indo dar à luz numa tarde de verão com termômetros passando dos 35 graus Celsius (°C) e, de repente, você, hoje um homem, nasce mulher? Ou numa tarde fria de inverno, você, mulher, nasce um homem? Pois esta é a sina das tartarugas marinhas, cujo sexo tende mais para um ou outro de acordo com a temperatura do ambiente onde o ovo é incubado.

Em tempos de aquecimento global, isso pode influenciar a própria sobrevivência da espécie, conforme aponta um novo estudo publicado na revista científica Science, nesta semana.

Com o aumento da temperatura da Terra, mais tartarugas marinhas nascerão fêmeas, diz o estudo, que avaliou a influência da temperatura na determinação do sexo de um grupo de tartarugas marinhas na região de Cape Verde, no Oceano Atlântico, um reduto da espécie.

A observação mostrou que quando a temperatura da areia passava dos 30°C aumentavam as chances do nascimento de tartarugas fêmeas.

Aos 29°C, a razão de sexo de filhote de tartaruga é de aproximadamente 50 para 50, ao passo que quando era de 28°C, aumentavam as chances de nascer mais machos.

A temperatura na área de incubação também depende da cor da areia – quanto mais escura, mais calor retém.

“Nós estimamos que as praias de cor clara produzem atualmente 70,1 % do sexo feminino, enquanto as praias de cor escura produzem 93,46 % do sexo feminino", diz um trecho do estudo.

No médio prazo, segundo os cientistas, o nascimento de mais fêmeas pode até contribuir para o aumento da população, já que haverá mais fecundação e deposição de ovos.

Mas, no longo prazo, dentro de 100 anos, com areias cada vez mais quentes, a população pode se tornar majoritariamente feminina, colocando em risco a própria sobrevivência da espécie.

“Aí você tem um problema, já que haverá pouco machos para fertilizar as fêmeas”, disse Graeme Hays, um dos autores principais do estudo, ao jornal britânico The Guardian.

Segundo o pesquisador, é possível que o réptil, para se adpatar, comece a colocar seus ovos em uma estação mais fria ou migrar para uma área mais fria. “Os seres humanos poderiam ajudar também, evitando a construção de hotéis e resorts em praias de areia clara. Elas vão ser as mais importantes para proteger", completou.

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