Telegram: empresa tinha planos para popularizar uma moeda virtual chamada de Gram (Chesnot / Colaborador/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 12 de maio de 2020 às 20h27.
Em agosto de 2019, o jornal The New York Times informou que o Telegram levaria dois meses para disponibilizar as primeiras unidades do Gram, sua moeda virtual, para investidores. Nesta terça-feira (12), oito meses depois, a companhia anunciou o fim de seu projeto de criptomoedas.
Sob a sigla TON, que significa Telegram Open Network, a subsidiária da empresa que controla o aplicativo de mensagens rival do WhatsApp teve sua operação terminada nesta terça. “O envolvimento ativo do Telegram com a TON acabou”, anunciou Pave Durov, fundador e CEO da empresa.
O executivo ainda alertou para que os usuários tenham cuidados com golpes e novos ativos digitais que podem ser criados utilizando a sigla o nome da empresa ou a abreviação TON. “Não confie seu dinheiro e dados nestes projetos”, informou.
A decisão não chega a ser surpreendente. Na semana passada, a empresa pediu para que os investidores de fora dos Estados Unidos revendessem as criptomoedas adquiridas para a empresa. A companhia seria obrigada a pagar 72% do valor investido à vista ou 110% caso os investidores esperem até abril de 2021.
Criada para ser operada como uma plataforma blockchain que permitiria o tráfego financeiro descentralizado, a TON foi encerrada após longas e caras disputas judiciais contra a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).
Em outubro do ano passado, a SEC ordenou que o Telegram interrompesse as vendas da criptomoeda Gram após ser noticiado de que a companhia não registrou uma venda antecipada em 1,7 bilhão de dólares em moedas virtuais. A companhia classificou esse dinheiro como investimentos recebidos antes da oferta inicial de moedas.
Na ocasião, Durov criticou o órgão e afirmou que cortes judiciais americanas não podem ter o poder de impedir a venda de moedas virtuais registrada fora dos Estados Unidos. No comunicado do encerramento do projeto, o executivo informou que “essa pode ser a batalha mais importante de nossa geração” e que espera que “outros tenham sucesso onde nós falhamos”.