Lâmpada: esse sistema de pagamento online está reformulando o modo como o dinheiro é gerenciado sempre que um interruptor de luz é acionado (Flickr/Creative Commons/Hannah)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 16h43.
Última atualização em 7 de abril de 2017 às 17h59.
A tecnologia do bitcoin está começando a entrar no negócio de eletricidade, reformulando o modo como os pagamentos são gerenciados sempre que um interruptor de luz é acionado.
De Nova York a Viena, pesquisadores e empresas de energia estão adaptando o sistema de contabilidade baseado na nuvem usado para monitorar bitcoins como substitutos de sistemas administrativos mais lentos que exigem trabalho humano constante e muitas planilhas.
Uma vez estabelecida, essa base de dados, chamada blockchain, registra automaticamente ações individuais em um sistema, as formata e armazena os resultados em uma lista segura disponível online para qualquer um, em qualquer parte, que tenha acesso.
Mas qual a necessidade de tanta velocidade? As empresas de energia estão se distanciando do esquema centenário no qual monopolizavam a oferta e a distribuição.
Agora, parques eólicos e solares independentes estão abastecendo as redes de energia em breves intervalos de tempo, às vezes imprevisíveis, exigindo assim que os sistemas de transações sejam mais ágeis e descentralizados.
Empresas de energia como a RWE, na Alemanha, e a Fortum, na Finlândia, estão recorrendo às tecnologias blockchain exatamente para isso.
“Está ocorrendo uma mudança no modelo de negócios e elas estão tentando descobrir como participar desse novo mundo de energia distribuída”, disse Lawrence Orsini, fundador da desenvolvedora de blockchain LO3 Energy, com sede em Nova York.
O blockchain já garantiu seu lugar em setores tão diversos como as finanças, os seguros, a locação de carros e o streaming de música.
Ele está na moda em Wall Street, e instituições como JPMorgan, Barclays e Wells Fargo estão pesquisando como usar a tecnologia no trading. A energia é o próximo objetivo.
Na Alemanha, a RWE vem testando o blockchain para a recarga de veículos elétricos e em uma plataforma em que os consumidores podem fazer transações com energia verde sem depender das empresas de energia.
“Nossa hipótese é de que haverá uma economia de máquina para máquina na qual as máquinas realizarão transações entre elas”, disse Carsten Stoecker, que dirige pesquisas sobre blockchain no centro de inovação da RWE.
“Tecnologias de internet descentralizadas como o blockchain se tornarão a camada de transação para isso”.
A startup Grid Singularity, com sede em Viena, está trabalhando em uma plataforma digital descentralizada que permite que as pessoas comprem e vendam energia.
A empresa espera testar seu blockchain em usinas de energia até o fim do ano, disse Tobias Federico, líder de design de mercado da empresa.
Algumas empresas de energia já estão preparando testes do blockchain. A Vattenfall, maior empresa de energia da região nórdica, planeja testar a tecnologia em sua plataforma online Powerpeers, um site que permite que os clientes comprem e vendam eletricidade sem passar pela empresa de energia, disse Claus Wattendrup, gerente-geral da Vattenfall Europe Innovation.