Alexandra Kerlidou usando o Eyeharp em apresentação, em Atenas (Reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2021 às 15h37.
Última atualização em 20 de junho de 2021 às 16h01.
O físico inglês Stephen Hawking (1942-2018) ganhou fama como um dos mais extraordinários astrofísicos do mundo, mas seus feitos jamais se propagariam pelo tempo sem a ajuda da tecnologia, que contornou, por muitos dos seus anos de vida, os efeitos da esclerose lateral amiotrófica, doença que o confinou a uma cadeira de rodas ainda na juventude.
Mas com um tipo especial de cadeira e uma câmera que rastreava o movimento de seus olhos para controlar um computador, ele publicou livros best-sellers que explicam a ciência a leigos, como o já clássico Uma Breve História do Tempo (1988).
E foi se valendo de dispositivos semelhantes aos de Hawking que a estudante de música Alexandra Kerlidou, que possui paralisia cerebral, pôde sentar-se junto de outros músicos num palco em Atenas, na Grecia, e tocar uma harpa.
A tecnologia que providenciou o momento emblemático chama-se Eyeharp, um software que permite pessoas com deficiência tocarem música, algo que a estudante nunca imaginou ser possível. "Eu me senti estranha, nunca imaginei algo assim ser possível", disse à Reuters Alexandra, usando um gerador de fala para descrever o experimento com o Eyeharp.
O criador do programa, o cientista da computação e músico Zacharias Vamvakousis, o concebeu numa tentativa de ajudar um amigo músico que se feriu em um acidente de motocicleta pouco antes de fazerem um show juntos. "Foi um choque para mim, mas percebi que esse tipo de tecnologia é necessário”.
A tecnologia de rastreamento ocular digital, amplamente utilizada em jogos, segurança e medicina, monitora os movimentos dos olhos para executar comandos. O olho repousa sobre cada nota musical espaçada em um círculo em um monitor e, em média, pode tocar de três a quatro notas por segundo, em até 25 instrumentos musicais.
No entanto, como em qualquer estudo musical, é necessário disciplina e concentração, diz o desenvolvedor, pois é preciso evitar que os olhos vaguem muito rápido para a próxima nota, mas os alunos ficam emocionados quando ouvem seus esforços.
Ele já ensinou como usar o programa em escolas em Barcelona, onde estudou, e diz que mais de 2.000 pessoas já o baixaram.
Com tal avanço, é de se imaginar que Alexandra é somente a primeira de muitas outras pessoas com deficiência que subiram em palcos para se expressar pela música usando um software como o Eyeharp. Não há limitações com a tecnologia.
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