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Técnica experimental livra diabéticos de injeções

Pela primeira vez no mundo, os níveis do peptídeo-C, um tipo de marcador do funcionamento das células produtoras de insulina, aumentou nos pacientes submetidos à terapia


	Os resultados favoráveis no tratamento têm sido destacados em publicações especializadas, como o jornal da Associação Médica Americana
 (©AFP/arquivo / Elmer Martinez)

Os resultados favoráveis no tratamento têm sido destacados em publicações especializadas, como o jornal da Associação Médica Americana (©AFP/arquivo / Elmer Martinez)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 13h08.

Ribeirão Preto - Uma terapia testada durante nove anos por pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo, conseguiu livrar de aplicações de insulina 21 dos 25 pacientes com diabete do tipo 1 que participaram do estudo. Um deles está há oito anos sem tomar as injeções.

Os médicos utilizaram um procedimento chamado autotransplante de células-tronco saudáveis. A ideia é tentar construir um novo sistema imunológico para o paciente, uma vez que a diabete do tipo 1 é autoimune, ou seja, é o próprio sistema de defesa do corpo que passa a atacar as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina.

Um dos beneficiados pelo estudo é o jovem Humberto Flauzino Guimarães, de 22 anos, livre das injeções de insulina há cinco anos. Ele diz que sua qualidade de vida mudou muito desde que passou a se tratar com células-tronco. Mas as recomendações médicas de fazer exercícios físicos regularmente e de ter uma alimentação saudável não foram abandonadas.

O estudo em Ribeirão Preto é conduzido pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri. Hoje, antes da abertura do Congresso Brasileiro de Endocrinologia, em Goiânia (GO), o médico falou ao Estado sobre os avanços no tratamento. A evolução dos pacientes, diz, é algo “notável”.

Os resultados favoráveis no tratamento têm sido destacados em publicações especializadas, como o jornal da Associação Médica Americana. Isso porque, pela primeira vez no mundo, os níveis do peptídeo-C, uma espécie de marcador do funcionamento das células produtoras de insulina, aumentou nos pacientes submetidos à terapia.


Para Couri, as muitas dúvidas que a comunidade científica internacional levantou no início da descoberta já não se justificam. “Hoje, temos resultados práticos que provam que estamos no caminho certo”, garante.

Mas, de acordo com o médico, ainda não é possível prever quando a tecnologia estará disponível a todos os diabéticos. “É uma terapia de longo prazo. Estamos falando de célula-tronco, algo ainda novo e que vem sendo discutido”, explica.

Procedimento

Na técnica aplicada por Couri, para evitar que o paciente tenha as células que produzem insulina destruídas, são realizadas sessões de quimioterapia que praticamente desligam o sistema imunológico do diabético. Mas, antes disso, são retiradas células de sua medula óssea, que depois são aplicadas na corrente sanguínea para construir um novo sistema imunológico.

Esse transplante de células-tronco do próprio paciente faz com que o pâncreas volte a funcionar e elimina a necessidade da aplicação de insulina. Portadores do tipo 1 geralmente se tornam dependentes de insulinoterapia por toda a vida.

O estudo conta com os apoios do Ministério da Saúde, da Fapesp, do CNPQ e do SUS (Sistema Único de Saúde). Couri diz ter comprovado que os pacientes hoje produzem mais insulina do que quando iniciaram o tratamento. “Alguns deles estão com excelente qualidade de vida, muito diferente da vida que levavam antes”, afirma. A diabete do tipo 1 atinge entre 5% e 10% da população de diabéticos. No Brasil, a estimativa é de sete pacientes a cada 100 mil habitantes. 

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