As tatuagens podem ser um risco para a hepatite C, a principal causa de câncer no fígado (©AFP/Arquivo / Daniel Garcia/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2013 às 20h13.
Quem quer fazer uma tatuagem deve ser exigente com o local escolhido, disseram pesquisadores norte-americanos na sequência de um estudo que relacionou a arte corporal à hepatite C, a principal causa de câncer no fígado.
Segundo o estudo publicado na revista Hepatology, pessoas com o vírus da hepatite C, que é transmitido pelo sangue, eram quase quatro vezes mais propensas a relatar que tinham uma tatuagem, mesmo quando eram levados em conta outros fatores de risco importantes.
"A tatuagem em si pode representar um risco para essa doença que pode permanecer silencionsa por muitos, muitos anos", disse o coautor do estudo, Fritz François, do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York, embora ele tenha advertido que o estudo não pôde produzir uma causa e efeito direta.
Cerca de 3,2 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm hepatite C, e muitas não sabem disso porque não se sentem doentes, segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA.
A hepatite C é a principal causa do câncer de fígado e o motivo mais comum para transplantes de fígado nos EUA. Cerca de 70 por cento das pessoas infectadas vão desenvolver doença de fígado crônica, e até 5 por cento vão morrer de cirrose ou câncer de fígado.
Para o estudo atual, os pesquisadores perguntaram a quase 2.000 pessoas sobre suas tatuagens e status de hepatite, entre outras questões, em clínicas externas em três hospitais da região de Nova York entre 2004 e 2006.
Descobriram que 34 por cento das pessoas com hepatite C tinham uma tatuagem, em comparação com 12 por cento das pessoas sem a infecção.
As rotas mais comuns de infecção para a hepatite C são através da transfusão de sangue antes de 1992 ou um histórico de uso de drogas injetáveis.
O uso de drogas injetáveis é responsável por 60 por cento dos novos casos de hepatite por ano, mas 20 por cento não têm um histórico de uso de drogas injetáveis nem outra exposição, segundo o CDC.
François e seus colegas só incluíram pessoas com hepatite C que não contraíram a doença dessas duas outras origens comuns.
Após a contabilização para outros fatores de risco, a diferença entre pessoas com e sem hepatite C foi ainda maior, com quatro vezes mais tatuados no grupo infectado do que no grupo não infectado.
"Isso não é uma grande surpresa para mim", disse John Levey, clínico chefe de gastroenterologia da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, em Worcester. Estudos anteriores tinham descoberto uma ligação, mas eram pequenos e não tinham levado em conta outros fatores de risco como fez o novo estudo.
Mas Scott Holmberg, do CDC, disse que a relação pode não ser tão forte como as descobertas sugerem, porque algumas pessoas que usaram drogas ilegais provavelmente não admitem isso, mesmo em um questionário anônimo.
E eles não descartaram as pessoas que contraíram a hepatite C antes de fazer suas tatuagens.
Holmberg recomenda que as pessoas apenas façam tatuagens ou coloquem piercings com profissionais treinados, observando que não houve relatos de casos de hepatite C ligados a estúdios de tatuagens profissionais nos Estados Unidos.