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Tabagismo: políticas públicas devem incluir campanhas para jovens

'Vemos campanhas nas datas [específicas], não é algo contínuo', diz oncologista

Cigarro (Sérgio Bernardino via Photopin)

Cigarro (Sérgio Bernardino via Photopin)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 06h06.

O tabagismo está relacionado a 50 tipos de doenças, como cânceres de pulmão, da boca e faringe, além de problemas cardíacos, envelhecimento precoce da pele e disfunção sexual. Para que o número de fumantes no país caia ainda mais, a prevenção é o ponto mais ressaltado por especialistas para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado hoje (29).

Para a diretora clínica do Centro Paulista de Oncologia (CPO), Mariana Laloni, as campanhas voltadas para adolescentes e jovens devem estar sempre na pauta das políticas públicas. "Vemos campanhas nas datas [específicas], não é algo contínuo", disse a oncologista. "Dificilmente você vê uma pessoa iniciar o tabagismo com 40 ou 50 anos de idade. A regra é iniciar dos 15 aos 25 anos. Hoje conhecemos muito mais a doença, quantificamos melhor o risco, temos ferramentas para diagnósticos mais precoces, melhores tratamentos, drogas mais direcionadas. Entretanto, não podemos esquecer do comecinho, que é mais simples e mais barato: educação e prevenção", acrescentou.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Daniel Knupp, o Brasil tem políticas de combate ao tabagismo exemplares, como as fotos nos maços de cigarro, a restrição do fumo em lugares públicos, taxação de impostos sobre a indústria do tabaco e a proibição de propagandas de cigarro na TV. "Mas é importante que novas ações e campanhas estejam sempre sendo desenvolvidas. Precisamos evitar o primeiro contato, as pessoas precisam desde cedo ter acesso às informações sobre os perigos do cigarro", comentou Knupp.

Segundo ele, a expansão da atuação dos médicos de família no território brasileiro é outra grande ferramenta de prevenção que deve ser fortalecida, sobretudo entre adolescentes. "Acompanho pacientes de 14, 15 anos de idade, em que fiz o pré-natal das mães deles. Então, o grau de personalização dessa relação, de intimidade, é muito maior e isso facilita o debate do tema na consulta ", contou.

A coordenadora de Vigilância de Agravo e de Doenças não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta, citou uma série de ações do governo que têm contribuído para a queda contínua do número de fumantes no país, sobretudo a partir de 2011, com o Plano de Enfrentamento a Doenças Não Transmissíveis. No caso dos adolescentes, Deborah citou como inciativas de prevenção a proibição da propaganda de cigarro, a taxação alta da indústria do tabaco, que aumenta o preço do cigarro, a advertência nos maços, com alertas e fotos de impacto, e o Programa Saúde na Escola.

"Há uma parte dedicada à prevenção do uso do tabaco, com materiais e suporte para os profissionais de saúde e educação, para que sejam capacitados a abordar esse tema com os adolescentes", comentou. "Nossa pesquisa de 2012 mostrou que a prevalência do tabaco na adolescência é em torno de 5%. Essa é a menor prevalência das Américas, depois apenas do Canadá", informou Deborah.

Dados do ministério mostram que em 2006 a prevalência de fumantes era 15,6% e, em 2013, esse percentual caiu para 11,3%.

"E com uma queda sustentável, anual, tanto em homens quanto em mulheres, em todas as faixas de escolaridades, em todas as faixas de idade e em todas as regiões do Brasil. Nossa meta é reduzir em mais 30% a prevalência de fumantes até 2022", disse ela.

Editor Graça Adjuto

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