Tecnologia

SXSW: falar com estranhos será tendência em 2012

Aplicativos que cruzam rede de amigos com dados de geolocalização são os grandes destaques desta edição do festival South by Southwest

Participantes do SXSW (Getty Images)

Participantes do SXSW (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de março de 2012 às 16h42.

Imagine o diálogo a seguir:

- Oi, Renata. Você gosta de Radiohead?
 - Sim. Como você sabe disso? E como sabe meu nome?
 - Meu celular avisou que uma pessoa neste bar gostava muito do álbum The Bends, do Radiohead. Chequei o perfil e descobri seu nome. Também gosto muito da banda e, por isso, estou aqui conversando com você.

A situação acima pode parecer invasiva, mas ilustra a proposta dos aplicativos sociais apresentados durante o South by Southwest (SXSW), festival americano onde são descobertas tendências digitais. Mobilidade foi o grande destaque do encontro, que reuniu nesta semana mais de 50.000 pessoas na cidade de Austin, no Texas, e se encerra neste domingo.
 
A popularidade de aplicativos sociais é natural à medida que cresce o acesso à internet via celular. Nos Estados Unidos, 46,7% dos usuários usam o aparelho para baixar apps, segundo dados da comScore. O crescimento na base de assinantes 3G também é significativo. Em todo o mundo, ao menos 1,2 bilhão de usuários possuem o serviço, de acordo com estudo da União Internacional de Telecomunicações (ITU, em inglês). E o futuro é ainda mais promissor. Em 2016, haverá em todo o planeta mais dispositivos móveis conectados - cerca de 10 bilhões - do que a população total da Terra, que é de 7,3 bilhões, afirma relatório da Cisco divulgado em fevereiro.
 
Não é à toa, portanto, que empresas do setor de tecnologia têm apostado no segmento móvel. Em um mundo mais conectado por meio de celulares e tablets, a necessidade de recursos sociais é inerente. Essa é a razão pela qual o número de aplicativos que cruzam amigos e amigos de amigos nas redes sociais a informações de geolocalização têm se firmado como uma tendência "pé no chão".


O Highlight é uma dessas promessas. Disponibilizado durante o SXSW, ele mostra os usuários do Facebook que estão geograficamente próximos. O cadastrado pode, então, marcar outra pessoa e ter acesso às suas páginas sociais na internet. Já o Glancee busca na rede dos amigos usuários de interesse comum. O sistema identifica esses internautas, diz se eles estão próximos e permite a interação de pessoas até então com conexões desconhecidas.

O japonês Pitapat vai ainda mais longe. Desenvolvido para ser um aplicativo de relacionamento, ele pesquisa na rede de amigos pessoas na região com os mesmos interesses. Encontrado e marcado o flerte, a mira recebe uma notificação dizendo que alguém está interessado nele ou nela. Para avaliar o grau de compatibilidade, o sistema sugere nove opções para o paquerado. Ele escolhe, então, três. Se a primeira pessoa estiver entre as suas escolhas, o sistema dá início a uma conversa no formato de chat privado. Ao atingir o número de dez mensagens trocadas, o que indica simpatia entre ambos, o aplicativo apresenta, enfim, o paquerador ao paquerado.
 
Outros serviços recentes possuem o mesmo conceito, mas objetivos distintos. O Palmu, também desenvolvido no Japão, permite o compartilhamento de músicas armazenadas no celular entre amigos do Facebook, enquanto o Glomper, um dos candidatos a próximo Twitter em termos de popularidade, oferece como recurso a criação de eventos devidamente geolocalizados e privados. Dentro desses grupos, os usuários podem compartilhar vídeos e fotos.
 
Se a tendência em médio prazo é a conexão de pessoas que compartilham interesses, o SXSW é sem dúvida o melhor lugar para apresentar esses serviços. A diversidade dos participantes e a disposição de cada um em aumentar a sua rede de contatos faz do ambiente um lugar propício a um hábito ainda incomum, mesmo depois da internet: a conversa descompromissada entre estranhos. Esses novos aplicativos só sugerem a potencialização de uma significativa mudança comportamental na forma como nos comunicamos. E a tecnologia da geolocalização, aliada à popularização dos smartphones e tablets, está aí para mapear essas novas redes sociais. 

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