Steve Jobs e o iPhone (Justin Sullivan/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2011 às 23h29.
São Paulo - Steve Jobs, um dos pais da revolução informática do novo século, capaz de transformar a Apple em um gigante do setor e em uma das companhias mais rentáveis do mundo, morreu nesta quarta-feira aos 56 anos.
Jobs superou um câncer de pâncreas em 2004 e solicitou uma baixa médica em janeiro de 2009 para tratar alguns "desequilíbrios hormonais", mas depois se soube que havia se submetido a um transplante de fígado em abril daquele ano em um hospital do Tennessee.
Em janeiro deste ano, o executivo anunciou uma nova retirada temporária para se concentrar em seus problemas de saúde, de novo sem dar detalhes, mas os rumores em torno de sua saúde, para os quais contribuiu sua extrema magreza, aumentaram quando em fevereiro foi fotografado na clínica que tratou o câncer de pâncreas do já falecido ator Patrick Swayze.
No último dia 24 de agosto, Jobs renunciou a seu cargo como executivo-chefe da empresa sem explicar os motivos, mas deixou entrever que sua saúde desempenhou um papel relevante na decisão.
"Sempre disse que se chegasse o dia no qual não pudesse cumprir minhas obrigações à frente da Apple como executivo-chefe, seria o primeiro a informá-los", afirmou na ocasião em sua mensagem à comunidade da Apple.
"Infelizmente, esse dia chegou", acrescentou o homem que transformou os hábitos de consumo de várias gerações com produtos como o iPod, o iPhone e o iPad.
De origem humilde e filho de uma mãe solteira, Jobs nasceu em fevereiro de 1955 e foi adotado por um casal de classe média quando tinha uma semana de vida. Seus pais adotivos foram Paul, um maquinista, e Clara Jobs, contadora.
Jobs se formou em 1972 no instituto Homestead, na Califórnia, época na qual trabalhou na Hewlett-Packard, e ingressou na universidade Reed College (Portland), que abandonou após o primeiro semestre para fundar a Apple em uma garagem de Mountain View ao lado do amigo Steve Wozniak.
Para isso tiveram que vender uma caminhonete e uma calculadora científica, com as quais conseguiram arrecadar US$ 1,3 mil para empreender a aventura à frente da Apple. Naquela garagem, nasceu o primeiro computador pessoal da companhia: o Apple I.
Depois chegaram Apple II, Lisa e, em 1984, o Macintosh, uma máquina que, ao incorporar as últimas inovações do momento, como o mouse, a interface gráfica e a impressora laser, pôs a publicação de textos ao alcance das massas.
Anos depois chegou o iMac de várias cores, um produto que transformou o conceito do computador tradicional e, não menos importante, representou a passagem ao sistema operacional baseado inteiramente em Unix (o OS X).
Jobs abandonou a empresa em meados da década dos anos 1980 devido ao auge dos computadores com o sistema operacional da Microsoft e criou a Next Computer, que nunca foi um sucesso comercial, mas assentou as bases para sua volta a Apple, onde se encarregou do desenho dos iMac e, tempo depois, dos iPod.
A compra em 1996 da Next por parte da Apple levou Jobs de volta à companhia que ajudou a fundar, e de 1997 até este ano atuou como seu presidente-executivo.
Jobs era um dos empresários mais ricos do Vale do Silício, com um patrimônio que, segundo os cálculos da revista "Forbes", alcança os US$ 5,1 bilhões e inclui, além dos títulos de sua empresa, uma grande participação no grupo Disney.
Previamente, Jobs havia sido o presidente-executivo do estúdio de animação Pixar, até que foi comprado pela Walt Disney Company em 2006, momento no qual passou a fazer parte da direção da companhia.
Essa incursão no mundo do cinema começou em 1986, quando pagou US$ 10 milhões por uma divisão da Lucasfilm dedicada ao design de computadores de alta capacidade gráfica, que se transformaria na Pixar.
Sob sua liderança, foram criados filmes como "Toy Story", que criou as bases de um novo estilo no mundo da animação e que continua sendo a grande referência do estúdio.
Jobs, a quem seus concorrentes no mundo da informática dedicaram hoje palavras de respeito e admiração, era amante da música de Bob Dylan e amigo íntimo do atual governador da Califórnia, Jerry Brown.
"O mundo raramente vê alguém quem teve o profundo impacto que Steve causou, os efeitos disso serão percebidos por muitas gerações no futuro", afirmou Bill Gates, presidente da Microsoft.
Jobs era casado com Laurene Powell, com quem teve três filhos, que se somaram a Lisa, fruto de uma relação anterior.