Para Jobs, fundador do Facebook queria construir sua própria empresa sem se iludir com o dinheiro (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2011 às 20h44.
Los Angeles - Steve Jobs, cofundador da Apple, era um admirador do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, por considerá-lo o espírito empreendedor do Vale do Silício e querer construir sua própria empresa sem se iludir com o dinheiro, segundo sua biografia autorizada lançada nesta segunda-feira.
No livro "Steve Jobs", de 656 páginas, o autor Walter Isaacson passou uma imagem mais íntima do guru tecnológico, desde o amor pela família até a determinação e talento que fizeram dele uma referência para outros executivos, que lhe pediam conselhos, apesar de sua fama de rude.
Jobs, que morreu no último dia 5 vítima de um câncer aos 56 anos, mantinha contatos frequentes com Zuckerberg, de 27, que o convidou para jantar em sua casa em 2010 e com quem trocava mensagens.
Segundo Isaacson, Jobs lhe disse em entrevista que respeitava Zuckerberg por se negar a vender o Facebook quando teve oportunidade e se concentrar em fazer uma empresa que agora domina o setor das redes sociais.
"Todos falamos de redes sociais no plural, mas não vejo nenhuma outra igual ao Facebook por aí. É só o Facebook. Eles controlam isso", comentou certa vez Jobs, que avaliava a personalidade de Zuckerberg. "Só o conheço um pouco, mas o admiro por não vender, por querer fazer uma empresa. Admiro muito isso".
A admiração era recíproca. "Steve, obrigado por ser um mentor e um amigo. Obrigado por mostrar que o que você constroi pode mudar o mundo. Vou sentir saudades", declarou Zuckerberg após saber da morte do cofundador da Apple.
Para Jobs, que se sentia na obrigação de dar conselhos a outros empreendedores do Vale do Silício por tudo o que tinha alcançado, Zuckerberg representava um espírito que Microsoft e Google não "entendem".
O cofundador da Apple criticou Bill Gates em sua biografia, com quem teve uma relação cordial durante seus anos finais. Jobs achava que faltava imaginação a Gates e acusou-o de não ter inventado nada.
Mas suas maiores críticas eram para a Google. Jobs acusou-a de plagiar a tecnologia do iPhone para criar o sistema operacional Android, seu principal concorrente, que posteriormente a Google presenteou aos fabricantes de telefones com a ideia de ser o "Windows" do setor de dispositivos móveis.
"Nossa reivindicação diz: 'Google, vocês roubaram descaradamente o iPhone, nos roubaram violentamente'", declarou Jobs, segundo Isaacson.
O cofundador da Apple chegou a dizer: "Gastarei até minha última respiração se for necessário e cada centavo dos US$ 40 milhões que a Apple tem no banco para corrigir esta ofensa. Vou destruir o Android, porque é um produto roubado".
Jobs tinha sido mentor também de Larry Page e Serguei Brin, cofundadores da Google, e chegou a convidar o presidente da empresa, antes seu executivo-chefe, Eric Schmidt, para o conselho de administração da Apple.
Apesar de travar disputas ferrenhas com a Google, Jobs recebeu Page em janeiro a pedido deste - antes de suceder Schmidt como executivo-chefe da Google - para dar sua opinião sobre como deveria dirigir a empresa.
"O principal que eu disse a ele foi que se concentrasse, que descobrisse que queria ser Google quando crescesse. Agora está por todas partes. Quais são os cinco produtos em que ele quer se concentrar? Se desfaça do resto porque é um empecilho. Estão transformando-os em Microsoft. Os produtos são adequados, mas adequado não é genial", disse Jobs.