Tecnologia

Steve Crocker compara Campus Party a Festival de Woodstock

Cientista foi um dos criadores dos protocolos da Arpanet, rede precursora da internet como a conhecemos hoje

Steve Crocker esteve nesta quinta-feira (20) na Campus Party Brasil (Flávia de Quadros/indicefoto.com)

Steve Crocker esteve nesta quinta-feira (20) na Campus Party Brasil (Flávia de Quadros/indicefoto.com)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 19h11.

São Paulo - Um dos cientistas envolvidos na criação dos protocolos da Arpanet, projeto de rede que deu origem à internet como a conhecemos hoje, o americano Steve Crocker esteve na Campus Party nesta quinta-feira (20) para falar sobre sua experiência e sobre a evolução da rede.

O pesquisador abriu sua fala comparando a Campus Party ao festival de Woodstock. "É uma enorme e muito excitante festa", disse ele, para em seguida exibir um vídeo do festival de música realizado em 1969.

Crocker explicou que os primeiros experimentos para conectar computadores também iniciaram-se naquele ano. "Naquela época, os computadores eram grandes e caros. Somente as universidades e grandes empresas os possuíam", lembrou ele. Para o período, Crocker se definiu com um típico geek, imergido em matemática, códigos e programação.

De acordo com o cientista, era preciso criar uma rede para facilitar a troca de arquivos entre os centros de pesquisa. "Existia muito conhecimento sendo produzido sobre linguagens de programação, gráficos, arquitetura e inteligência artificial, que precisavam ser compartilhados", disse ele. Até então, a troca de dados dependia da transferência física de dispositivos.

A primeira conexão entre computadores em dezembro de 1969, em uma universidade da Califórnia, na costa Oeste dos Estados Unidos. Seis meses depois, os testes já conectavam computadores da Califórnia com terminais em Boston, no lado leste dos Estados Unidos.

De acordo com Crocker, a criação da Arpanet motivou a criação de diversas outras. Países como o Canadá, França e Inglaterra, além de órgãos como a NASA, começaram a desenvolver suas próprias redes.

"Não existia um plano formal sobre o que fazer com aquela rede. Sabíamos apenas que seria um processo orgânico, informal, de expansão. Do aspecto da engenharia, a arquitetura seria aberta", afirmou ele. "Queríamos encorajar outros engenheiros a desenvolver novos protocolos. Qualquer um podia colaborar na elaboração dos documentos", completou.

Logo, novas redes e protocolos surgiram, caso do FTP. Em seguida, vieram a WWW, as BBSs, a evolução dos DNS, até que a web tomou a forma que conhecemos hoje.

Crocker também relembrou o surgimento de órgãos reguladores e das associações, como o Icann, a W3C, a ISOC, as organizações locais responsáveis pelo registro dos domínios etc.

No final, Crocker destacou que o Brasil hoje é um dos países líderes no registro de domínios e listou alguns serviços que eles imaginaram que um dia seriam possíveis.

"No início da web, nós já fazíamos testes e imaginávamos serviços como o e-mail, as mensagens instantâneas, a troca de voz via IP. Nós só não pensamos que um dia poderia existir algo como o Google e o Facebook", finalizou ele.

Atualmente, Crocker é CEO da Shinkuro, uma empresa de pesquisa e desenvolvimento baseada nos Estados Unidos. Ele também foi gerente de programa na Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA), outro órgão envolvido com o desenvolvimento da web.

Acompanhe tudo sobre:Campus PartyInternet

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes