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Startup traz crowdfunding de cerveja para o Brasil

Três amigos resolveram trazer para o país um serviço ainda inédito no mercado nacional: o Social Beers, um crowdfunding de cerveja.

social beers (Divulgação/Aline Baker)

social beers (Divulgação/Aline Baker)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 12h10.

Sites de financiamento coletivo, ou crowdfunding, têm um amplo alcance na web e oferecem cotas em projetos dos mais variados setores como aplicativos, música e arte. E também servem como um bom termômetro para medir o engajamento que tal produto teria no mercado. 

Mas os amigos Matheus Franco, Luiz Poppi e Carlos Lima resolveram trazer para o país um serviço ainda inédito no mercado nacional: o Social Beers, um crowdfunding de cerveja. 

A ideia consiste em ajudar qualquer pessoa interessada em fabricar a própria cerveja. O dono do projeto envia uma proposta à plataforma com detalhes da bebida que será produzida como estilo, nome, rótulo, características e até mesmo o mestre cervejeiro que ficará responsável pela harmonização de tudo isso.

O público então verifica todos os detalhes sobre a cerveja e opta pelas diferentes cotas e benefícios que vão desde uma única garrafa da bebida até a participação na brassagem da mesma. 

Para entender melhor como funciona o Social Beers, INFO conversou com Carlos Lima, um dos sócios da startup, que inicia até o fim desse mês a entrega da primeira cerveja produzida por meio da plataforma de financiamento coletivo. 

Como surgiu a ideia de criar um crowdfunding só para cervejas? Surgiu quando passamos a acompanhar o crescimento do mercado de crowdfunding, que mais do que dobrou ano sobre ano nos Estados Unidos. Entre 2011 e 2012, a quantidade de colaboradores no Kickstarter, por exemplo, que é a maior plataforma de financiamento coletivo do mundo, subiu 134%. Aliado a este fator, há o evidente crescimento do mercado de cervejas especiais no Brasil. Há mais importadoras, mais bares especializados, mais cervejarias, mais cervejeiros caseiros, mais rótulos disponíveis no mercado e, claro, muito mais consumidores. Resolvemos, então, reunir ambos os conceitos, crowdfunding e cervejas especiais, e criar o Social Beers. No Brasil, somos os primeiros. Nos Estados Unidos existem empresas que concentram investidores e que precisam de investimento, basicamente. O sistema de recompensas, tal qual o crowdunfund se propõe, também existe, mas é menos comum. Isso, quando falamos de plataformas específicas para o nicho do mercado cervejeiro.

O que será preciso para emplacar um projeto na plataforma Social Beers? Inicialmente, o projeto precisa fomentar o mercado cervejeiro, ter relação com o mercado brasileiro de cervejas especiais. Este não é o único fator levado em consideração, mas é o pré-requisito. Uma vez que não há dúvidas em relação a este ponto, começamos a avaliar as demais características dos projetos, tais como: experiência do dono do projeto no que ele se propõe; sistema de recompensas propostas para os apoiadores; relevância para o mercado; intenção do projeto; capacidade de entregar as recompensas propostas; dentre outros fatores, que serão avaliados caso a caso. Uma vez que temos um acordo entre Social Beers e dono do projeto sobre esses termos, o projeto está apto a entrar no ar.

Todos os projetos virão de fora da startup ou vocês também irão criar novos produtos para incrementar a plataforma? O Social Beers utilizará a plataforma para viabilizar projetos próprios, e essa é uma característica ímpar que temos mesmo se compararmos com as demais plataformas de crowdfunding do mundo. Nosso projeto inaugural, por exemplo, batizado de Sexta-Feira (veja vídeo abaixo), ultrapassou a meta de arrecadação três dias antes de o funding encerrar. Alcançamos a marca de 128% e a cerveja já está em fase final de produção, com previsão de entrega para os colaboradores no fim de abril.

Como e onde serão fabricadas essas cervejas? Elas serão produzidas por cervejarias parceiras, de acordo com o perfil e característica de cada cerveja definida pela plataforma. No caso dos projetos colaborativos do Social Beers, que promovem receitas entre marcas brasileiras e estrangeiras, as cervejarias brasileiras serão responsáveis pelas brassagens.

O que acham sobre o uso de cereais não maltados na produção da bebida, como o milho? Como vocês selecionam os ingredientes das cervejas? Caso a utilização de cereais não maltados tenha o objetivo de auxiliar a cerveja a ter uma característica esperada pelo mestre cervejeiro, não há problema algum e é bastante comum em alguns estilos de cerveja, como a Witbier. Inclusive, o segundo projeto que o Social Beers lançou possui trigo não maltado em sua produção, mas porque esse trigo não maltado, juntamente com o malte Pale Ale, que também será utilizado, trará a cor, o aroma e o corpo que os mestres cervejeiros buscam. E este fato está visível no site, pois detalhamos no Social Beers todos os ingredientes utilizados na fabricação de cada cerveja produzida pela plataforma.

A opção de uso de cereais não maltados, como o milho, para baratear a produção de cerveja existe? Sim, mas isso coloca o custo da cerveja na frente da própria cerveja. Essa situação não é a ideal para o Social Beers. Quem apoia os nossos projetos o faz, exatamente, pelo valor que eles têm, e, consequentemente, pela recompensa que o apoiador terá: uma cerveja que não teve limitações financeiras para ser produzida.

Em relação aos ingredientes, toda a composição da cerveja é definida pelos mestres cervejeiros que criam a receita. Nós também auxiliamos na compra destes ingredientes, caso eles não estejam disponíveis no Brasil.

Do lado financeiro, como vocês mantêm a plataforma ativa? O Social Beers possui três fontes primárias de renda: 1) lançamento de projetos próprios, em que nós determinamos a margem de lucro; 2) lançamento de projetos de terceiros e, neste caso, há um acordo entre o Social Beers e o dono do projeto sobre o percentual a ser cobrado pelo Social Beers, dependendo da necessidade da nossa atuação no projeto e 3) realização de consultorias no mercado cervejeiro, em que, novamente, nós definimos nossa margem do preço.

Nos três formatos, a margem do Social Beers leva em consideração os custos não só da plataforma tecnológica, mas todos os demais custos da empresa: assessoria contábil, assessoria jurídica, impostos, etc.

Vocês têm intenção de fazer projetos específicos para empresas (brindes, por exemplo), sem a necessidade de um crowdfunding? Sim e já estamos fazendo isso. Fomos procurados por empresas quem têm o objetivo de lançar uma cerveja própria, mas não precisam de financiamento coletivo para fabricá-la. Isso é o que chamamos de “consultoria”, citado como uma terceira fonte de renda do Social Beers.

Pretendem levar os produtos financiados para o mercado formal? Os produtos lançados e assinados pelo Social Beers não serão colocados à venda no mercado formal pelo Social Beers, porém, alguns bares contribuíram com o financiamento e disponibilizarão as garrafas para venda em seus estabelecimentos. Sobre isso não temos controle, e, de alguma maneira, este comportamento endossa nosso objetivo de promover projetos exclusivos, porque, inclusive nestes bares, as cervejas lançadas pelo Social Beers também esgotarão e não haverá reposição.

Agora, se os projetos sugeridos na plataforma pelos usuários estarão disponíveis no mercado formal ou não, depende do dono do projeto e esta opção deverá estar muito clara para os apoiadores do projeto. Nós somos uma plataforma de financiamento coletivo. O mercado formal está disponível para as cervejarias e, hoje, o Social Beers não é uma cervejaria... ainda! 

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