Tocalivros: sócios da startup conheceram os audiolivros fora do Brasil (Divulgação/Tocalivros)
Victor Caputo
Publicado em 11 de novembro de 2014 às 08h25.
São Paulo – Um dos melhores livros que Ricardo Camps já leu foi “Crime e Castigo”, do russo Fiódor Dostoiévski. Ou melhor, é um dos melhor livros que Camps já ouviu. Ele é um dos sócios da startup Tocalivros, que começa suas operações oficialmente hoje.
A ideia começou há dois anos. Camps e seus sócios haviam tido contato com os audiolivros (ou audiobooks) fora do Brasil. Perceberam que existia um mercado não explorado aqui no país. Tudo que havia eram livros em CDs.
Desde então, Camps trabalha nessa área. Foram negociações com editoras e gravações de alguns títulos para o lançamento da Tocalivros.
Além disso, foi desenvolvida uma plataforma completa, toda feita no Brasil. A Tocalivros chega com foco em apps para smartphones. Já estão disponíveis versões para iOS (download aqui) e para Android (download aqui), que podem ser baixadas nas lojas dos sistemas operacionais.
A previsão é que cada livro fique com um valor entre a versão impressa e a versão digital. Isso acontece pois a criação de um audiolivro é mais cara e trabalhosa do que a de um livro digital.
Processo de gravação
A Tocalivros já trabalha com a gravação de alguns títulos. É preciso alugar estúdios para a gravação, além de fazer o pagamento a profissionais especializados. “Acreditamos que para que um audiolivro seja de qualidade, é preciso ter uma voz que se encaixe naquela narrativa. É preciso ter uma interpretação também”, afirma Camps.
A ideia é que o Tocalivros seja capaz de produzir (e disponibilizar) 20 livros narrados por mês. Para isso, já são 50 narradores trabalhando em seis estúdios diferentes.
De início, os usuários precisaram comprar os livros de forma avulsa. Um sistema de assinatura é descartado, por ora. O motivo é que não são tantos os livros existentes e a assinatura de cada usuário não se sustentaria por muito tempo.
A ideia dos audiolivros procura respaldo nos hábitos dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa do Ibope, 50% dos entrevistados afirmaram não ler mais por falta de tempo. A média de livros consumidos no Brasil (que é de quatro por ano) é inferior às médias de outros países como França (com sete por ano) ou Estados Unidos (com 11 por ano).
Um livro de 300 páginas tem em média seis horas de narração, de acordo com o Tocalivros (esse número depende do tamanho da quantidade de texto em cada página). “Se uma pessoa passar meia hora no trânsito ouvindo um livro, em uma semana ela terá ouvido um livro completo”, afirma Camps.
Inventivo aos primeiros usuários
No lançamento do Tocalivros, a startup dá um incentivo para os primeiros adeptos. Os 10 mil primeiros usuários cadastrados ganharão um livro para conhecer a plataforma.
A Tocalivros recebeu um aporte inicial de 800 mil reais, de um grupo de investimentos. Agora, dependerão do lançamento do serviço para crescer.
“Acredito que o Tocalivros pode incentivar as pessoas a consumir mais livros. O ‘Crime e Castigo’ foi um livro de 20 horas. Eu não teria lido se não fosse a versão em áudio, não teria tempo para parar e ler esse livro. Ele abriu uma porta na literatura para mim. Acho que os audiolivros podem abrir portas para outras pessoas também”, conta Camps.