Painel com cotações na B3, a bolsa de valores brasileira: aumento das ações no Ibovespa (NurPhoto/Getty Images)
Lucas Agrela
Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 12h29.
Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 16h24.
São Paulo – Com a taxa básica de juros Selic sofrendo cortes recorrentes desde meados de 2019, os investimentos em ações passam a ser uma opção para quem busca maiores ganhos longe da renda fixa. No entanto, essa modalidade de investimento requer conhecimento sobre o mercado e acompanhamento do noticiário a respeito das empresas que compõem a sua carteira – algo que toma tempo. Nesse contexto, a startup brasileira chamada TradeMachine, que automatiza investimentos na bolsa de valores com algoritmos baseados em estatísticas do mercado, recebe um aporte de 2,2 milhões de reais da Energhias, uma nova empresa de participações societárias focada em empreendimentos inovadores. O aporte é noticiado em primeira mão por EXAME.
Com foco na expansão, com captação de novos usuários pessoa física e corretoras, o TradeMachine prevê triplicar o valor operado mensalmente, chegando a um montante de 2,5 bilhões até o fim do primeiro semestre de 2020. Em dezembro, a fintech operou 760 milhões de reais.
Com o novo investimento, a TradeMachine visa melhorar a experiência do usuário em sua plataforma. A ideia é torná-la amigável para quem nunca investiu na bolsa ou não tem conhecimento a respeito do tema. A plataforma também deve ficar mais veloz para comprar ações no momento certo e aproveitar oportunidades de obtenção de lucros. A startup planeja ainda a criação de um Centro de Ciências Aplicadas em São José dos Campos para atrair talentos e promover o intercâmbio de informações dos pesquisadores da companhia com profissionais de renome da região, que tem o Parque Tecnológico de São José dos Campos, perto das universidades ITA, Unesp, Unifesp, e do complexo de empresas ligadas ao setor aeroespacial, como a Embraer.
O novo aporte será destinado ainda para a evolução dos algoritmos usados para operar na bolsa. Com novas bases de dados, a startup almeja compor carteiras mais diversificadas para os clientes.
Na visão de Rafael Marchesano, presidente do TradeMachine, o modelo de investimento por algoritmo traz oportunidades para pessoas físicas e corretoras, que podem disponibilizar essa modalidade de investimento aos seus clientes.
"As operações automatizadas trazem ao mercado o diferencial de não precisar saber muito sobre o mercado financeiro. Por ser um algoritmo, ele sempre vai buscar e aplicar a estratégia mais adequada diante do contexto do mercado", diz Marchesano, em entrevista a EXAME.
O modelo de negócio da TradeMachine não se baseia na cobrança de percentual de lucros obtidos com as operações de ações. Em vez disso, ela cobra mensalidade fixa, que varia de acordo com o número de estratégias adotadas pelo consumidor, bem como de acordo com o montante investido.
"Não cobramos taxa em cima do retorno financeiro obtido. Trabalhamos com assinaturas. O cliente aluga os nossos algoritmos. Abrimos máquina virtual em computação em nuvem e a configuramos com os robôs, que passam a operar a carteira de investimentos do cliente". afirma Marchesano.
Atualmente, são oferecidos quatro planos de assinatura. Veja, a seguir, quais são os valores mínimos de investimentos recomendados para obter lucro em cada um deles.
- Plano de R$ 90 - Investimento mínimo de R$ 7.200
- Plano de R$ 170 - Investimento mínimo R$ 15.000
- Plano de R$ 250 - Investimento mínimo R$ 50.000
- Plano de R$ 400 - Investimento mínimo R$ 50.000 a R$ 100.000
Além da TradeMachine, o Brasil conta com outras empresas que apostam no modelo de investimentos feitos por robôs, como é o caso de Warren, Monetus e Magnetis. Diante do que especialistas em finanças pessoas chamam de "morte da renda fixa", com essa modalidade rendendo cada vez menos, essas companhias têm uma oportunidade de captar novos clientes no próximo ano, aproveitando o mercado em fase de crescimento.