Sanjay Beri, da Netskope: "A nuvem já está presente em todas as empresas" (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)
Filipe Serrano
Publicado em 17 de junho de 2020 às 06h58.
A pandemia pegou o empresário Sanjay Beri de surpresa. Fundador e presidente da startup americana Netskope, o executivo se viu de uma hora para outra tendo de ajudar os seus clientes a colocar até 8.000 funcionários de uma vez para trabalhar remotamente. Era preciso correr para aumentar a capacidade dos seus sistemas e garantir que todos conseguissem ter acesso aos serviços e ferramentas online para realizar seu trabalho.
“Antes da pandemia, a maioria dos nossos clientes mantinham por volta de 20% dos funcionários trabalhando remotamente. De repente, esse número subiu para 70%. O trabalho remoto virou a norma, não a exceção”, diz o empresário em entrevista à EXAME.
Fundada em 2012, a Netskope é uma das startups que despontaram nos últimos anos oferecendo serviços de segurança digital para a computação em nuvem. A empresa atua num segmento bem específico, mas muito promissor. Ela oferece sistemas de segurança que atuam numa camada intermediária entre a rede das empresas e os serviços hospedados na nuvem acessados pelos funcionários.
É o tipo de solução que se tornou obrigatória em tempos de pandemia, para garantir que as equipes possam continuar se comunicando, trocando arquivos e usando sistemas internos das suas companhias de uma forma segura.
Este serviço oferecido por empresas como a Netskope é conhecido pelo nome “Cloud Access Security Broker” (Intermediário de Segurança para Acesso à Nuvem). Trata-se de um software que controla o tráfego de dados entre os dispositivos de uma empresa (um computador ou um smartphone de um funcionário) e um serviço na nuvem (um sistema online de controle de pagamentos, por exemplo).
A categoria é uma das que mais crescem no mercado de segurança da informação, de acordo com a consultoria Gartner, especializada no mercado de tecnologia da informação. E hoje a Netskope é uma das líderes no segmento, concorrendo com gigantes como Microsoft e Cisco, e grandes empresas do setor de segurança, como Symantec, McAfee, Forcepoint e Palo Alto Networks.
“Toda empresa precisa se transformar digitalmente, mas precisa fazer isso de uma maneira que satisfaça todos os seus critérios de segurança, protegendo os dados sensíveis e se protegendo contra ameaças. Com a pandemia, isso só se acentuou”, diz Sanjay Beri.
Presente em diversos países, a empresa tem aumentado sua atuação no Brasil. Em abril, a startup anunciou a expansão do seu data center em São Paulo e em outros países da América Latina para oferecer mais serviços aos clientes na região. Para o fundador, o mercado brasileiro é estratégico e é um dos que mais crescem para a empresa. “Estamos crescendo entre 200% e 300% ao ano na América Latina. Só nos últimos meses, fizemos investimentos da ordem de 5 a 8 milhões de dólares”, diz Beri.
O executivo não abre os números de faturamento, mas diz que a base de usuários conectada em sua plataforma, somando os funcionários de todas as empresas clientes da startup, subiu 80% em 2019 e a tendência é de um aumento na mesma proporção em 2020, mesmo com a crise provocada pela pandemia.
O crescimento do mercado de computação em nuvem e da demanda por soluções de segurança fez a Netskope se tornar uma queridinha dos investidores. Nos últimos anos, a startup levantou mais de 740 milhões de dólares com fundos de capital de risco, e a empresa foi avaliada em quase 3 bilhões de dólares.
Agora, com o crescimento do trabalho remoto e das vendas online, a tendência é que soluções de segurança para a nuvem ganhem ainda mais relevância, uma vez que todos os funcionários e consumidores estão utilizando cada vez mais serviços conectados. “Não é mais uma questão de se ou quando isso vai acontecer. A nuvem já está presente em todas as empresas e a maioria das aplicações hoje já são conectadas. A questão é como manter toda essa troca de dados segura”, diz o fundador. Para empresas como a Netskope, a pandemia trouxe uma grande oportunidade.