(Reprodução/YouTube/Spotify Brasil/Reprodução)
Lucas Agrela
Publicado em 21 de setembro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 21 de setembro de 2018 às 05h55.
O Spotify está oferecendo aos músicos novas ferramentas para lançar canções sem gravadoras. A empresa informou em postagem de blog que convidou algumas centenas de artistas independentes com atuação nos EUA a carregar músicas diretamente no serviço de streaming pago mais popular do mundo. Alguns deles, como o rapper Noname, de Chicago, e o DJ haitiano Michael Brun já testaram o recurso.
Possibilitar que os artistas enviem músicas diretamente para o Spotify reduz a necessidade de gravadora ou de distribuidora terceirizada, que fica com uma parte da receita. Além disso, a decisão ajuda o Spotify a cumprir a promessa de driblar intermediários. O serviço de streaming perde dinheiro, em parte, porque precisa entregar às gravadoras e distribuidoras uma parte da receita obtida com os usuários.
Os executivos da indústria musical provavelmente verão a jogada como mais uma tentativa do Spotify de minar suas parcerias com as gravadoras. A tensão entre os detentores dos direitos e o Spotify vem aumentando às vésperas de uma nova rodada de negociações de licenças de músicas.
O recurso de carregamento de músicas é uma nova maneira de “estimular os artistas a lançarem músicas sob suas próprias condições”, disse Kene Anoliefo, que trabalha na equipe do Spotify que desenvolve ferramentas para músicos.
Os músicos há muito dependem de que as gravadoras financiem sessões de gravação, ofereçam feedback criativo, planejem campanhas de marketing e distribuam música pelo mundo. Em troca desse apoio, as gravadoras normalmente detêm os direitos autorais do trabalho (mas os artistas continuam recebendo uma porcentagem das vendas).
O Spotify quer colocar esse sistema de lado e criar um mercado com dois lados no qual os artistas e o Spotify receberiam uma parcela maior das vendas. Os músicos que usam o programa “Spotify For Artists” podem ver como a música deles aparecerá no aplicativo e monitorar seus direitos de autor.
A empresa tem afirmado que não deseja ser dona de músicas e, portanto, que não está criando uma gravadora, mas que começou a reproduzir algumas tarefas das empresas musicais, como o financiamento de grandes campanhas de marketing e a criação de ferramentas para distribuição. O Spotify também fechou acordos diretos com artistas e, como mencionado na postagem de blog, permitiu que alguns lançassem músicas por conta própria.