Bradley Manning (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.
Washington - O soldado Bradley Manning, condenado nesta quarta-feira a 35 anos de prisão por vazar documentos secretos, pediu que a partir de agora o chamem de "Chelsea Manning" e anunciou que se submeterá a tratamento hormonal para mudar de sexo.
"Sou Chelsea Manning. Sou uma mulher", escreveu Manning em uma declaração lida no programa "Today" da rede de televisão "NBC".
"Dada a forma como me sinto e me senti desde minha infância, quero iniciar o tratamento hormonal tão breve quanto for possível", acrescentou. "Espero que me apoiem nessa transição".
Também peço que, a partir de hoje, "me chamem pelo meu novo nome e usem o pronome feminino", acrescentou. "Espero receber cartas de que me apoiam, e espero ter a oportunidade de responder".
Manning assinou sua declaração com esse nome: "Chelsea E. Manning."
O já ex-soldado, de 25 anos, é responsável pela maior divulgação de documentos confidenciais e secretos do governo dos Estados Unidos.
Durante o julgamento em um tribunal militar em Ford Urinai, Maryland, os advogados defensores de Manning mencionaram que o processado tinha um conflito de identidade sexual.
Entre as provas, apresentaram uma fotografia, em branco e preto, que mostra Manning com uma peruca loira e batom, que o então soldado havia enviado a um terapeuta.
Ontem, a juíza do caso, coronel Denise Lind, precisou de menos de dois minutos para ler a condenação imposta a Manning, que serviu como analista de inteligência no Iraque do final de 2009 até maio de 2010, quando foi detido após ter começado a passar documentos classificados ao portal Wikileaks.
O jovem, que foi declarado culpado no final de julho de 20 das 22 acusações que recebeu, conseguiu se salvar de uma condenação de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional ao ser desculpado da grave acusação de "ajuda ao inimigo" pelos vazamentos.
Além disso, evitou a condenação de 90 anos fixada como teto máximo pela juíza Lind na última fase processual pelos crimes de violações da lei de espionagem, roubo de informação governamental e abuso de sua posição no Exército.
Manning, que passou mais de três anos sob custódia militar à espera do julgamento que começou no dia 3 de junho, terá sua pena reduzida por esse tempo, e além disso terá 112 dias adicionais em compensação pelo regime de isolamento e abuso que sofreu em Quantico (Virgínia).
Segundo um especialista em justiça militar de Fort Meade, se a via de apelações não obtiver resultados, Manning, que foi expulso do exército, deverá cumprir pelo menos um terço de sua pena para poder optar à liberdade condicional, previsivelmente na prisão militar de Fort Leavenworth (Kansas).
Seu advogado, David Coombs, anunciou que pedirá ao presidente Barack Obama na semana que vem que perdoe seu cliente.