Marcelo Claure: executivo é um dos responsáveis por comandar a operação do SoftBank (Germano Lüders/Exame)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 20 de maio de 2020 às 19h32.
Última atualização em 20 de maio de 2020 às 20h14.
“A inteligência artificial vai impactar todas as indústrias." Isso é o que afirma Marcelo Claure, diretor de operações do SoftBank no Brasil. Na terceira apresentação do evento Brazil at Silicon Valley, que foi ao ar nesta quarta-feira, 20, pelo YouTube, o executivo debateu o futuro e os investimentos no mercado de tecnologia no período pós-pandemia e o impacto das novas ferramentas digitais.
“O maior aprendizado é a forma como os chineses estão fazendo a gestão da pandemia. Você não para a propagação da pandemia, mas pode contê-la”, diz. Para isso é preciso utilizar tecnologias como inteligência artificial e big data para criar modos preditivos e, assim, prever o que vai acontecer no futuro. "Quando você tem a capacidade de usar dados, é possível prever todos os desastres que vão acontecer.”
Sobre os negócios do conglomerado japonês, segundo ele, o grupo sofreu uma perda grande. “Talvez a maior de nossa história”, afirmou. “As crises começam e terminam. Temos um plano de dez anos e podemos ter um plano para os próximos 30 anos. Estamos nisso pelo longo prazo”, afirma. “Vamos apoiar a empresa na qual investimos.”
A confiança é de que a companhia possa se recuperar nos próximos meses “à medida que o mundo volte ao normal com as pessoas saindo da quarentena”, afirma. A esperança é de retorno dos investimentos que foram feitos nos últimos anos. Entre os setores, Claure aposta no crescimento do comércio eletrônico, no delivery de comida, em bancos digitais.
Sobre o Brasil, a criação de um fundo de 5 bilhões de dólares para investir em startups da América Latina ajudou a desenvolver o ecossistema de empresas de tecnologia da região. “Não apenas investimos muito como forçamos outros a investir”, diz. Até o momento, a companhia japonesa já realizou 1,8 bilhão de dólares em aportes no continente, sendo 1,4 bilhão somente em startups brasileiras.
Isso não foi tão simples de ser feito. De acordo com Claure, não foi uma missão fácil convencer Masayoshi Son, o homem forte do SoftBank, a alocar dinheiro para startups latino-americanas. O executivo ficou confuso com o cenário brasileiro, principalmente por causa da crise de 2008 e pelas perdas que o mercado sofreu com a reeleição do presidente Lula, em 2006. Isso mudou após os executivos perceberem o tamanho e o potencial do mercado com o qual estavam lidando.
Porém, nem tudo pode ser resumido em um otimismo na recuperação da economia no cenário pós-pandemia. “As coisas vão voltar ao normal. Mas o número de óbitos e casos do coronavírus me preocupa, porque vem crescendo muito rápido”, afirma. Até nesta quarta-feira, o Brasil tinha 291.579 pessoas infectadas e 18.859 vítimas fatais da covid-19
Em relação ao WeWork, Claure, que pertence ao conselho executivo da companhia, afirmou que a empresa de locação de escritórios precisou mudar seu produto para captar as necessidades das pessoas durante e após a pandemia. “Redesenhamos nossos espaços. Você não pode entrar em um espaço e tomar conta dele. Cada um vai ter seu próprio assento.”
Para ele, a expectativa da companhia era que muitos dos clientes fossem cancelar seus contratos de aluguel dos espaços. Isso não aconteceu. “Grandes empresas não querem assinar um compromisso de longo prazo, e a demanda por produtos assim é enorme”, diz.
O executivo também comentou a nova onda que impulsionou o trabalho remoto em home office e que já foi adotado por diferentes empresas ao redor do planeta. “Vai haver uma combinação entre o mundo digital e o mundo físico”, afirma. “O mundo físico não vai para lugar algum.”