Tecnologia

Sob pressão, Apple pode estar desenvolvendo o seu próprio buscador

A companhia de Cupertino enfrenta uma investigação de órgãos antitruste dos Estados Unidos por favorecer o buscador do Google no iPhone

APPLE: os iPhones agora permitem que notificações e a luz do iPhone sejam regulados para a hora de dormir / REUTERS/Dado Ruvic/Illustration (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

APPLE: os iPhones agora permitem que notificações e a luz do iPhone sejam regulados para a hora de dormir / REUTERS/Dado Ruvic/Illustration (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 10h23.

A Apple está trabalhando no desenvolvimento de seu próprio buscador que poderia ser um concorrente do Google. E a justificativa para isso é que a empresa está sendo pressionada justamente pelos acordos que tem com a sua possível nova rival no mercado de serviços de pesquisa na internet. Quer saber como trabalhar em gigantes da tecnologia? Vire um “dev” com o curso de data science e Python da EXAME.

Isso começou a ficar claro com a atualização do sistema operacional iOS para a versão 14 (veja o que mudou). Conforme lembrar o Financial Times, uma das novidades é que a Apple passou a exibir seus próprios resultados de pesquisa e realizar o redirecionamento direto quando usuários fazem consultas na tela inicial.

Parece pouco, mas este já é um grande avanço para a Apple que em 2018 contratou John Giannandrea, ex-chefe de pesquisa do Google. Com isso, a companhia ganhou um grande reforço para a construção de um mecanismo de busca próprio e que pudesse se tornar um rival do antigo empregador de Giannandrea.

Google e Apple estão na mira de órgãos antitruste nos Estados Unidos por práticas anticompetitivas no mercado e que enfraquecem a concorrência. Uma dessas práticas investigadas é o uso do Google como buscador padrão dos dispositivos da Apple no navegador Safari, presente no iPhone. A empresa da maçã teria ganhado pelo menos 1,5 bilhão de dólares para isso.

A estratégia do Google, que recentemente foi processado, é aumentar ainda mais o uso de seu buscador, que garante bilhões de dólares em receita com resultados patrocinados na busca. Do faturamento de 41,1 bilhões de dólares no primeiro trimestre deste ano, uma fatia de 82% veio das receitas com publicidade. O percentual equivale a 33,7 bilhões de dólares.

Isso acontece com certo hábito. A Bloomberg já noticiou que o Google pagou 1 bilhão de dólares para a Apple com este objetivo ainda em 2014. Uma estimativa feita por analistas ao The Verge aponta que a fabricante do iPhone já recebeu pelo menos 9 bilhões de dólares da gigante de Mountain View com estes acordos.

Seria um movimento interessante para uma empresa que cada vez mais quer expandir sua marca para além (e ao interior) do iPhone. A Apple já tem o seu próprio carregador, o seu próprio fone de ouvido, o seu próprio processador, o seu próprio sistema operacional. Talvez esteja na hora da companhia ter também o seu próprio buscador.

A Apple não comenta o projeto. É justificável. De qualquer forma, a construção de um rival para o Google poderia levar anos para acontecer, sem contar o investimento que teria que ser empenhado – algo que pode não ser um problema para uma empresa que já vale algo próximo de 2 trilhões de dólares.

Acompanhe tudo sobre:AntitrusteAppleBuscaGoogle

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes