Snowden (Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 13h32.
O ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos Edward Snowden, que revelou os programas de coleta massiva de dados pelo governo dos EUA, está provavelmente sob controle das agências de inteligência russas, de acordo com o ex-diretor da NSA, general Keith Alexander.
Alexander, que se aposentou em 31 de março, fez os comentários em uma entrevista que deve ser publicada na quinta-feira ao jornal The Australian Financial Review e cuja transcrição foi adiantada para a Reuters.
Diretor que passou mais tempo à frente da NSA, Alexander também se disse a favor de um apoio a uma maior militarização do Japão para contrabalançar a China, e alertou que uma falta de regras nos conflitos virtuais pode fazer estourar uma guerra real entre inimigos tradicionais como as Coreias do Norte e Sul.
Defensores das liberdades civis nos Estados Unidos e aliados de Washington na Europa ficaram chocados com a extensão da vigilância praticada pelos EUA revelada por Snowden, e um punhado de parlamentares norte-americanos o acusaram de agir em nome de algum governo estrangeiro.
Snowden, que fugiu para Moscou no ano passado, nega a acusação. Ele espera que seu asilo temporário na Rússia seja renovado antes de vencer em meados deste ano, de acordo com seu advogado.
"Eu acho que agora ele está sendo manipulado pela inteligência russa. Simplesmente não sei quando isso começou exatamente e quão profundo é", disse Alexander.
"Entenda também que eles somente vão deixar ele fazer aquilo que beneficie a Rússia, ou que ajude a melhorar a credibilidade de Snowden. Eles não vão fazer algo que os prejudique. E não vão permitir que ele o faça."
Na entrevista, Alexander disse que a ordem de segurança global tradicional se encontra em tensão devido ao desenvolvimento rápido da tecnologia de ataque cibernético, potencialmente resultando em consequências inesperadas.
"Estou preocupado de que haja uma chance cada vez maior de indivíduos e/ou nações calcularem mal, porque eles não sabem onde fica a linha vermelha. E esse problema de falta de transparência sobre os limites e de acordos protocolares sobre a escalada de tensão é especialmente aguda no ciberespaço."
Alexander, que foi sucedido pelo vice-almirante da Marinha dos EUA Michael Rogers, também afirmou estar preocupado sobre as intenções da China a respeito do Mar do Sul da China, o que tem aumentado as tensões na Ásia. Ele argumentou que os EUA deveriam apoiar o Japão em contrabalançar Pequim.
"Se a China continuar a agir agressivamente, acredito que devemos ver com bons olhos a crescente militarização do Japão."
(Reportagem de Matt Siegel)