snowden (Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.
Londres - O ex-consultor de inteligência Edward Snowden acusou nesta segunda-feira o presidente americano, Barack Obama, de "pressionar os dirigentes" de vários países para obter sua extradição, em declarações ao site WikiLeaks.
Snowden afirma que Obama encarregou seu vice-presidente, Joe Biden, de pressionar os dirigentes de países aos quais solicitou asilo para obter sua extradição, incluindo a Rússia.
"Na quinta-feira, o presidente Obama declarou ao mundo que não permitiria qualquer 'tramoia ou negociata' diplomática a meu respeito", declarou Snowden em um comunicado. "Entretanto, após prometer não agir desta maneira, o presidente determinou a seu vice que pressionasse os dirigentes dos países aos quais pedi asilo político para que negassem a demanda".
Joe Biden tratou da situação de Snowden com o presidente do Equador, Rafael Correa, durante este final de semana. Correa revelou à AFP nesta segunda-feira que Biden pediu a ele para rejeitar o pedido de asilo político realizado por Snowden.
Snowden agradeceu ao Equador por seu apoio, destacando que o país sul-americano era "um exemplo para o mundo", em uma carta publicada nesta segunda-feira.
"Há poucos dirigentes mundiais que se arriscariam a defender os direitos de um indivíduo contra o governo mais poderoso do mundo, e a coragem do Equador e seu povo é um exemplo para o mundo", declara Snowden em sua carta a Correa, obtida pela Associação de Imprensa Britânica.
Snowden presta uma homenagem em particular ao diplomata Fidel Narváez, o cônsul do Equador em Londres, que garantiu sua proteção quando partiu de Hong Kong, há oito dias.
"Eu nunca teria podido correr o risco de viajar sem ele", destaca em sua carta, escrita em espanhol.
"Agora, no final das contas, e graças ao apoio constante de seu governo, sou livre para publicar qualquer informação que sirva ao interesse público", continua Snowden.
Ainda no comunicado endereçado a Obama, Snowden diz que o presidente dos EUA é culpado por enganar e por querer aplicar a ele a "sanção ilegal" do exílio.
"Esses são instrumentos antigos e ruins de agressão política", criticou.
"Seu objetivo é causar medo, não em mim, mas naqueles que gostariam de me acompanhar", acrescentou Snowden em sua nota.
[quebra]
Segundo ele, o governo Obama rejeitou a Declaração Universal dos Direitos do Homem e escolheu "a estratégia de utilizar a cidadania como uma arma".
"Embora eu não tenha sido condenado, o governo revogou unilateralmente meu passaporte, tornando-se um apátrida", atacou.
"Sem qualquer mandado legal, o governo americano procura agora me impedir de exercer um direito fundamental. Um direito que pertence a qualquer um. O direito de pedir asilo", acrescentou o ex-agente.
O ex-consultor, que permanece no Aeroporto de Moscou, poderá permanecer na Rússia se deixar de divulgar informações prejudiciais aos Estados Unidos, afirmou nesta segunda-feira o presidente russo, Vladimir Putin.
Snowden revelou que deixou Hong Kong "depois de ter entendido que minha liberdade e minha segurança estavam ameaçadas".
"No final das contas, o governo Obama não tem medo dos lançadores de alertas como eu. Nós somos apátridas, presos, impotentes.
Não, o governo Obama tem medo é de vocês, tem medo de um público informado, com raiva, reivindicando um governo (que aja) conforme a Constituição que ele mesmo prometeu - e que deveria ser constitucional", declarou.
Snowden conclui sua mensagem, afirmando: "Não renuncio às minhas convicções e estou impressionado com os esforços oferecidos por tantas pessoas".
As últimas revelações de Snowden, 30 anos, indicam que os Estados Unidos "grampearam" embaixadas de países aliados, incluindo a representação da União Europeia (UE) em Washington.