emmawatson (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2014 às 14h50.
Depois de realizar um discurso memorável em defesa do feminismo, no começo desta semana, a atriz Emma Watson voltou aos holofotes mas graças a uma ameaça de violação de privacidade. Um site, identificado EmmaYouAreNext.com, entrou no ar apresentando uma contagem regressiva, que culminaria no vazamento de fotos íntimas da jovem artista de 24 anos. Mas tudo não passava de mais um hoax feito por um grupo especializado na arte de espalhar notícias falsas.
Ao fim da contagem, a URL não prejudicou a atriz diretamente, mas começou a redirecionar os visitantes à página de uma suposta empresa chamada Rantic Media. Ainda no ar, o endereço exibe uma mensagem de #Shutdown4Chan, pedindo o fechamento do fórum online, e uma carta endereçada a Barack Obama, que dá alguns argumentos (se é que podem ser chamados assim) a favor da censura da web. Mas o conteúdo ali é, provavelmente, só mais uma brincadeira, que deve se espalhar com a ajuda da hashtag.
Mesmo a marca responsável pela ação é aparentemente de mentira, como apontou o site Mashable e cravou o Business Insider. A segunda publicação, aliás, vai ainda mais longe, e mostra que a tal companhia está relacionada a um já tradicional grupo de spammers especialista em aproveitar tendências na internet e transformá-las em visualizações.
Essa provável equipe já assumiu diferentes identidades anteriormente, e ganhou certa fama sob o nome SocialVEVO (que não tinha relação alguma com o VEVO). Ela logo virou a Swenzy, uma empresa já desaparecida que vendia seguidores nas redes sociais e views em vídeos no YouTube, para tornar tudo um viral. Este é exatamente o papel assumido pela Rantic, segundo o perfil da marca no Twitter que é bem suspeito por si só, como mostra o tweet abaixo.
"Alguns dizem que um viral não pode ser previsto. Bem, nós temos a receita", diz a mensagem publicada dias antes da história toda
Um bom histórico No currículo, essa mesma companhia tem um boato falso sobre o cancelamento da versão para PCs do game GTA V, iniciado há algumas semanas pela Rantic. Antes disso, no entanto, ainda como SocialVEVO, a marca divulgou um site relacionado à morte do cachorro Brian Griffin, do desenho Uma Família da Pesada, e uma pegadinha envolvendo a NASA, a primeira de todas as brincadeiras, feita em outubro de 2013.
Em comum, os dois últimos hoaxes mencionados culminaram no lançamento de clipes (ruins) atribuídos a artistas falsos. Ambos, mais o de Emma Watson, também guardam em comum a presença da contagem regressiva, que colabora para gerar expectativa e parece favorecer a viralização do conteúdo. Prova disso é que os três foram divulgados amplamente pela web, e este último bateu, de acordo com as informações divulgadas, 48 milhões de visualizações.
A arma secreta Como apontaram o Business Insider e, anteriormente, o Daily Dot em uma ótima reportagem, o segredo para boa parte do sucesso obtido nos experimentos da Rantic está em um site de notícias de fachada, o Fox Weekly que fica hospedado no mesmo servidor da empresa e, provavelmente, do site do hoax. A página, de acordo com a segunda publicação, é movimentada por notícias copiadas de sites como CNN, New York Times e BBC, além de alguns comunicados de imprensa copiados na íntegra.
Essas matérias ajudam na popularização do site, que acaba se posicionando melhor nos resultados de busca do Google e começa a ser compartilhado por internautas. O resultado, portanto, é uma página que serve como referência e basta iniciar um rumor por ali, como aconteceu nos casos envolvendo Emma Watson (link em cache via Mashable), o cachorro de Family Guy e GTA V, para que a internet logo comece a falar sobre isso. O objetivo da estratégia, que é basicamente divulgar a marca, não é muito nobre. Mas é inegável que ela é bem inteligente.
Mesmo com essa visibilidade toda, os responsáveis pelo hoax seguem praticamente anônimos, aliás. Um dos membros da equipe aparece nos dois vídeos divulgados após os hoaxes da NASA e de Brian Griffin, e o Daily Dot até conseguiu entrar em contato com um representante deles no ano passado. Mas o contato, identificado como Jacob Povolotski, provavelmente só estava usando um nome falso, como a própria publicação admite na reportagem.